segunda-feira, 24 de março de 2008
"O PESO DE DIZER AMO-TE!"
A "eli" do Isso agora...:) relativamente ao "post" acerca da última emissão do "Sexualidades, Afectos e Máscaras" dizia-me que não tinha possibilidade de ter acesso ao Porto Canal mas que"...gostaria de ler algo sobre o peso dessa palavra..."!
Assim sendo, lembrei-me de aqui colocar uma crónica intitulada precisamente "O peso de dizer Amo-te!", que publiquei em 2005, tentando, deste modo, dar uma ideia do que penso sobre este assunto.
Vivemos numa Sociedade despudoradamente plástica!
Pronto!
Se o pensei, escrevi-o. Se está escrito, está assumido!
Senão, vejamos…
Vivemos numa sociedade em que somos constantemente bombardeados com estereótipos que os media alardeiam, referenciais utopicamente inatingíveis, ainda que hiperpresentes e à distância de um olhar, condicionando em permanência as vivências de cada um.
Estamos, todos, sob a tirania do “perfect body and no mind”, e a angústia do inatingível tortura-nos em permanência.
É o mito da perfeição, que usa sabiamente todos os nossos sentidos, condicionando ferozmente procedimentos, atitudes e ideais.
E isso reflecte-se, perversamente, no âmbito das nossas relações, na janela da nossa afectividade.
É a era da World Wide Web, em que o amanhã rapidamente se torna hoje e vertiginosamente ontem, transmutando as certezas logo em probabilidades e depois em inverdades… e isso condiciona as nossas vivências afectivas.
A época é de incertezas, senão de contradições, gerando um elevado potencial de insegurança.
E, como tal…não há tempo!
Tudo tem de ser rápido e prático, a busca do dito amor perfeito surge aparentemente extenuante, atirando para a prateleira dos referenciais museológicos a procura, hoje tornada insana, do “foram felizes para sempre”!
As relações tornaram-se plásticas e descartáveis… e por isso práticas e rápidas.
Assumidamente não vinculativas…propagando um quase temor de vinculação afectiva.
Isto porque construir uma relação implica tempo, disponibilidade, investimento, paciência, confiança, negociação, aceitação, dádiva,…ou seja, a queda das máscaras que todos criámos, com o intuito de protecção…e, sem elas ficamos frágeis.
Amar fragiliza e a modernidade não se compadece com fragilidades!
Dessa constatação advém a cómoda justificação da plasticidade moderna das emoções.
Já para não referir a aparentemente consensualidade quanto à genitalização das vivências.
Parece não haver tempo para a ternura e para o carinho, temendo-se o peso avassalador de dizer: Amo-te!
E isto é um fenómeno que não se direcciona apenas para algumas faixas etárias da nossa aldeia global, atingindo transversalmente e de modo preocupante todos estratos sociais e etários.
Urge inverter a situação!
Urge criar espaço e tempo para dizer: Gosto de ti!
Amar e ser amado tem de continuar a ser um desejo universal, sem medo dos custos… até porque o reverso da medalha é a solidão afectiva…rodeada de uma enorme e gélida imensidão de pequenos nadas.
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro", 2005
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33 comentários:
:)
Quase corei quando vi o meu espaço ali...
Muito obrigada pelo gesto, que reconheço como sendo de uma grande amabilidade.
No entanto, urge a necessidade de amar o outro sem condicionalismos...
Não estou muito inspirada. Depois volto.
:)
Genial.
Não há palavras a acrescentar.
Beijinhos com raios de Sol
Gostei...
Abraço.
Muito bem.
Assino em baixo.
O meu post de amnhã vai ser sobre a arte da sedução de que falou no último programa.
Beijinhos, veludinhos e cetins
Nem a propósito, deste tema, hoje postei algo, que felizmente o contradiz, se quiser espreitar, teria imenso prazer.
Beijinho
Não gosto da palavra, prefiro o que dela advém!!!
Calem-se, não digam que me amam, amem-me.
Não tem que agradecer, "eli"...foi, como disse, um miminho com boa intenção!
Adoro beijinhos com raios de sol...
Obrigado, CC...
Oh Francisco...o que é que lhe aconteceu à lágrima esverdeada??????
Oh homem...
E a fidelização da imagem???
Finalmente os cetins!!!!!
:))))))))))))))))))))))))))))))))))
Beijinho grande!
Já lá fui "coragem" e já la deixei um miminho.
Obrigado.
Não digo que te amo...mas que aprendi a gostar de ti, lá isso...
Sois um querido Nelito, mas sabes, eu também tenho parte ativa nisso.
Dou-te oportunidade de o seres.
Ainda tenho que te agradecer?????
Deixa, não precisas de o dizer, eu sinto-o!!!
Só ontem tive oportunidade de ver a camisa verde e o programa... Para não variar foi excelente.
Falemos de "amo-te"... falemos amo-te...
http://coisasdevidas.blogspot.com/2008/02/o-amor.html
http://coisasdevidas.blogspot.com/2007/11/bem-me-quer-mal-me-quer.html
http://coisasdevidas.blogspot.com/2007/12/ser-que-o-amor-se-resume-palavra-amo-te.html
http://coisasdevidas.blogspot.com/2008/02/ao-meu-filho-h.html
e mais vezes o direi, até que o meu coração pare...
Parabéns Professor
Beijosssssssss
PS. Ó Statler já te disse hoje que gosto de ti???? :))))
Tens a mania que és espertinho, hem, oh Statler?
:)))))))))))))))))))))))))))))))
Obrigado "olá"!
Um beijinho grande!!!
Damas, não sou esperto, sou inteligente e muito!!!!
Olá, também tu!!??
Oh fucking fucking fucking
Mas ainda bem que existem pessoas que sabem dizer Amo-te,e sabe tão bem ouvir e dizer quando são sentidas.
Beijinho grande
Voltei para dizer que essa palavra é essencial.
Uma vez, o meu irmão disse-me que essa palavra era a mais mentirosa que conhecia.
Pensei nisso, na altura, já lá vai muito tempo e, para ele, era isso mesmo.
:)
São conceitos e características completamente diferentes, meu caro Statler...
:D
Um beijinho grande, Joana e uma boa semana!
"Eli"...alguém disse e carregado de razão..."Eu sou eu e as minhas circunstâncias"!...
Um beijinho
Ortega y Gasset, este espanhol estupurado que valorizou o concreto individual e circunstancial da vida, é sem duvida um dos meus filosofo favoritos.
Boa tarde.
Dizer "gosto-te" é leve...o "amo-te" é pesado, está banalizado, quando dito mete medo e impoe um certo respeito...acho q as pouquissimas vezes que disse "amo-te" sairam simplesmente da boca para fora sem serem minimamente sentidas .
"El hombre, pues, al encontrarse viviendo se encuentra teniendo que habérselas con eso que hemos llamado contorno, circunstancia o mundo".
José Ortega y Gasset in "El hombre y la gente"...
Ok, Zeuzinha?
:)))))))))))))))
Desculpe mas não posso concordar consigo "pe vestido" ...
É precisamente contra esse medo do peso de dizer "Amo-te!" que eu luto...Não pela banalidade mas pelo sentido da responsabilidade e sua extensibilidade...
Olá
Muito raramente o digo falando já o disse a alguém de muito especial. Não digo por dizer e muitas vezes sou criticado por não dizer.
Será preciso o dizer?
Eu sinto-o, para mim basta. :)
beijos e abraços
Oh "Cj"...mas dizê-lo sabe tão bem!...
E ouvi-lo sabe ainda melhor...
Bjs
"... los amantes, quieren decirse cosas, muchas cosas, pero todas esas cosas son una sola – el propio ser, el individualísimo ser de cada cual".
Oh Zeuzinha...
Não vamos estar aqui cada um a atirar com a sua posta de pescada pois não??????
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