quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

MINISTRA DA SAÚDE...


O Estado deve aos fornecedores do Serviço Nacional de Saúde, devidos à aquisição de medicamentos e de dispositivos médico-cirúrgicos, 908 milhões de euros, se apenas pensarmos na dívida a mais de 90 dias.
Se, no entanto, adicionarmos a esta dívida a de curto prazo, então o total ultrapassará, expressivamente, os mil milhões de euros situando-se, especificamente, nos 1150 milhões de euros.
Eu, que sou um céptico por natureza pergunto, na senda de La Palisse...
Mas como é que o Estado pode ser devedor e não pagar?
Não tem que ser o Estado o garante máximo do funcionamento das instituições?
Não tem que ser o Estado, acima de tudo e de todos, o exemplo máximo de legalidade, honorabilidade e de cumprimento da Lei?
É que, ainda por cima, estas dívidas, habitualmente demoram um ano a serem saldadas...
E como sobrevivem os fornecedores se o próprio Estado não paga o que adquire?
É a impunidade máxima?
É o caos total?
É a perversão do sistema no seu mais elevado expoente?
A contrapor a isto, a Ministra da Saúde, Ana Jorge, inventou uma solução miraculosa...
Criou o "Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do SNS".
Fundo de Apoio???
Título estranho, ainda que pomposo!
Mas, continuemos...
O dito Fundo foi dotado com 800 milhões de euros.
Mas este dotamento será efectuado de forma estranha...220 milhões de euros serão provenientes do Orçamento de Estado e os outros 600 milhões de euros serão cedidos pelas EPE, vulgo unidades de saúde transformadas em Entidades Públicas Empresariais. O mesmo é dizer que as entidades de saúde que tiverem organizado draconianamente a sua gestão, em vez de verem as poupanças investidas em si próprias no sentido de aquisição de equipamentos, de remodelações das estruturas ou mesmo na constituição de um qualquer fundo de risco, vão ver-se desprovidas desse incentivo.
Apetece-me perguntar...
Então para quê poupar?
Sob que incentivo?
Mas continuemos...
O Fundo apresenta um orçamento de 800 milhões de euros...
Mas a dívida não ultrapassa os mil milhões de euros????
Mas continuemos...
O referido Fundo "empresta" dinheiro às instituições hospitalares para estas poderem honrar os seus compromissos e saldar as suas dívidas, desde que estas se comprometam a restituir o dinheiro "emprestado", pagando juros e no prazo máximo de 180 dias...
Restituir o dinheiro?...
Com juros?...
A 180 dias?...
Mas como????
Se os hospitais e centros de saúde se encontram com " a corda na garganta", como é vulgar dizer-se, como serão capazes de restituir o dinheiro emprestado, com juros e, ainda por cima, no prazo de 180 dias?
Maquiavel não faria melhor...

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