sexta-feira, 27 de junho de 2008

gianna nannini - meravigliosa creatura

Há muito que aqui não postava um momento musical.
Como adoro esta música...

DIAS QUE PASSAM...


Um dia passa,
sobre outro
e mais um a seguir.
São os dias
da tua ausência...
São os dias
da ausência,
da tua presença,
aqui,
ali,
acolá,
mais além...
No ar,
na cama,
no meu corpo,
em mim!
São os dias
da ausência
de ti em mim.
Fazes-me falta...
Muita,
Toda.

"SEXUALIDADES, AFECTOS E MÁSCARAS"-40ª emissão


Logo à noite irá para o ar, na Porto Canal, à 1 hora, mais uma emissão, a 40ª do "Sexualidades, Afectos e Máscaras", o único programa, em tv em Portugal que, em directo, aborda temáticas, muitas vezes fracturantes, sobre as Sexualidades e os Afectos.
Hoje o tema será "No calor da noite..."
Férias, calor, menos roupa, bebidas, relaxamento, vontade de viver, alguma euforia e desfaçatez.
São estes os ingredientes que condicionam e favorecem o comportamento em Afectos nesta época do ano.
Os prazeres des/organizados...
Por vezes os exageros impensados e suas consequências quantas vezes nefastas passando, entre outras, pelas DST e a gravidez indesejada.
Não será uma visão crítica a propalada.
Apenas uma profilaxia a ser feita, sem pejo.
Comente, participe, apareça.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

"GRAVIDEZ E SEXUALIDADE"


Dizem que é a fase em que a Mulher se encontra mais bela.
Posso, até, concordar desde que não estejam subjacentes conceitos e preconceitos que uma Sociedade e uma Cultura se esforçam por propagandear, estimuladas por uma Igreja que se mantém, teimosamente ancestral e afastada da realidade. Uma mesma Igreja que gostaria de poder e conseguir voltar a uma época característica, com uma unidade familiar obsoleta, presa a valores ultrapassados, que voltariam a colocar a Mulher no centro de uma suposta entidade social e familiar, uma pretensa Fada do Lar, sempre disponível, atenta e preocupada, conselheira e protectora, dócil, doce e frágil, de tez ebúrnea e alvas vestes, amante fiel do seu Homem, a quem merece obediência e respeito acima de tudo, quase santificada e deiificada, detentora do poder sagrado da maternidade, verdadeira reprodução de Maria na Terra.
Mas a este quadro da época do romantismo falta uma peça incontornável...
Falo da Mulher grávida, aquela que muitos consideram detentora do mais alto estado de graça, o da maternidade.
A tudo isto contrapõe-se o peso pesado do silêncio daquilo que não se fala.
Uma realidade científica inabalável e destruidora de todos estes estereótipos.
A Sexualidade da mulher grávida...e o seu natural e implícito direito ao prazer.
Falo do direito ao prazer que a mulher grávida detém, ainda que seja este um tema quase proibido, quiçá profano, que um conservadorismo sócio-cultural impede de referir e abordar mas, acima de tudo, de assumir com naturalidade.
Atente-se à raridade incompreensível mas gritante com que este tema é abordado em Congressos e Conferências.
Mas o suposto problema é que esta é uma realidade, incontornável.
O direito ao prazer da mulher grávida.
E isto é uma verdade científica.
A mulher grávida sente e tem desejo, de forma explícita. Um desejo sentido mas calado, receoso de ser evidente porque oficialmente considerado como depravado...acima de tudo, um tabu.
Mas esta realidade tem uma concreta justificação. Por causa do seu estado gravídico a mulher apresenta alterações hormonais, uma verdadeira “storm” hormonal, inclusive das hormonas sexuais. Esta realidade anatomo-fisiológica impõe alterações estruturais que vão evoluindo ao longo do processo gravídico mas estão também presentes alterações psicológicas, de sensibilidade táctil, de enervação, de vascularização, de estabilidade física e mental.
À medida que a gravidez decorre, e pela sua própria circunstância, observa-se uma maior intumescência dos tecidos e das estruturas, com especial incidência para a genitália e para o tecido mamário, alimentadas por uma maior vascularização e sensibilização assim como por um maior estímulo hormonal. Deste modo, a mulher torna-se mais sensível fisicamente. Mas também mais carente afectiva e sexualmente. E, também, mais exposta aos estímulos até porque, na presente realidade circunstancial, já não tem razão de ser um suposto receio de uma gravidez pretensamente indesejada até porque a circunstância se encontra, já, consumada. Na posse destas alterações, sérias e consistentes, da sua própria anatomo-fisiologia a mulher grávida vê o seu desejo sexual crescer, também fruto de uma maior sensibilidade, de um gradiente hormonal mais elevado mas, acima de tudo, de um maior desejo.
Não são poucos os casos em que uma mulher cujo comportamento sexual, versus desempenho, se situava dentro dos índices de uma suposta normalidade, passa a apresentar-se, fruto da sua situação, mais sensível aos estímulos sexuais, podendo tornar-se, com toda a naturalidade, pluri-orgásmica ou multi-orgásmica.
E esta é uma realidade incontornável.
O desejo, e acima de tudo o direito ao prazer, porque real, na mullher grávida tem que ser assumido, compreendido, explicado e justificado com naturalidade, com tranquilidade, com dignidade até porque...não se trata de uma falta, de um pecado ou de um desvario, mas tão só e apenas de uma evidência que tem que ser acarinhada e compreendida...
A Mulher merece-o e a Modernidade exige-o!
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 25/6/2008

terça-feira, 24 de junho de 2008

"O SEXO E A CIDADE"


Fui, recentemente, à ante-estreia do filme "O Sexo e a Cidade!".
Foi uma série que marcou uma fase da minha vida e que sempre apreciei.

Sabendo, logicamente, efectuar o distanciamento afectivo da série e conseguindo separar o que é realidade da idealização, até porque já vivi nos EUA, sempre apreciei o espírito de humor, o sentido crítico, a sagacidade, a capacidade de análise, a sensualidade e a mordacidade com que a série foi sendo construída.

Até porque aborda uma das minhas áreas de trabalho...precisamente a Sexualidade e os Afectos.
Tinha, todavia, algum receio sobre a construcção do filme.
Mas conseguiu ser uma muito agradável surpresa.
A um ritmo louco de beleza, sensualidade, modernidade e humor, o filme vai-se desenrolando, entretendo os espectadores e proporcionando momentos de inteligência e de brilho únicos.

Extraordinário o pormenor do Yorkshire anão...
Um filme que recomendo vivamente e a rever...

NOITE DE S.JOÃO


Estas noites dos Santos Populares são sempre estranhas.
Saem todos à rua, aparentemente imbuídos de uma suposta alegria e algum desvario que, por vezes, me intriga.
São as brincadeiras, as marchas, uma suposta euforia estranha.
Cada vez mais prefiro programas mais calmos, mas também mais realistas, mais de Afectos.
A teoria oficial do sorriso de plástico não me seduz.
Fui, logicamente, sair, não para cumprir calendário mas porque me apetecia.
Optei por um jantar à beira mar calmo, num restaurante bonito e agradável, tranquilo e bem acompanhado.
A conversa fluiu, o menu era excelente e esteve-se muito bem.
A seguir foi um momento de agradável estar a dois.
Depois, claro, impunha-se ir beber um copo.
A um dos sítios habituais.
Nova sensação estranha...
Uma noção de plástico e superficialidade que não me agradou.
Foi, de novo, um fim de noite que deixou no ar uma sensação de insatisfação...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"SEXUALIDADES, AFECTOS E MÁSCARAS"-39ª emissão


Dentro de uma hora e meia, mais especificamente à 1 hora, irá para o ar mais uma emissão do "Sexualidades, Afectos e Máscaras", a 39ª, na Porto Canal.
Desta vez será dedicada ao tema "Sexualidade e Gravidez".
A gravidez...um mito sócio-cultural, um aparente condicionante no comportamento sexual do casal, espeficamente numa fase em que a mulher se sente mais sensível, mais sensual e se situa num grau de maior sensibilidade aos estímulos sexuais.
Assista e participe no único programa que, em televisão, em Portugal, aborda em directo as questões das Sexualidades e dos Afectos, sem pudores nem tabus, de forma informal mas científica e, acima de tudo, pedagógica.
Apareça.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

"SEXUALIDADES, AFECTOS E MÁSCARAS"


Impõe-se fazer aqui um comentário acerca da última emissão do "Sexualidades, Afectos e Máscaras".
E não me venham já dizer que eu, enquanto parte interessada, não consigo ter imparcialidade para emitir pareceres em causa própria.
Se bem se lembram, de início eu fui dos meus mais ferozes críticos, tendo aqui enunciado pormenores e questões de que ninguém se lembraria.
Cheguei a invectivar-me sobre o meu posicionamento de mãos e mesmo sobre os olhares que dirigia para as câmaras, tendo sido acusado de ser demasiado exigente comigo próprio.
Assim sendo, penso ter algum direito de efectuar uma análise imparcial e credível.
Na realidade considero que o "SAM" atingiu um nível de qualidade invulgar.
Falo de um programa que é feito em directo desde Setembro de 2007.
Fazer um programa televisivo durante quase um ano, em directo, é muito desgastante e exigente.
E que aborda temas fracturantes para a sociedade, sem inibições, sem subterfúgios.
Falo de um programa que, rapidamente, conseguiu tornar-se líder de audiências e assim se tem vindo a manter, inabalavelmente.
E nós sentimo-lo, quanto mais não seja, nas manifestações de encorajamento e nos elogios que, diariamente, recebemos na rua, de anónimos que não só fazem questão de dar os parabéns como ainda vão ao ponto de citar momentos e episódios da emissão anterior, prova provada de que não são portadores de elogio fácil e balofo, mas atentos espectadores.
Atingir, ao fim de um ano, os 60.000 televisores sintonizados no nosso programa é a prova mais concludente possível.
Acima de tudo o facto de, na emissão da semana passada, termos atingido o número recorde de 54 telefonemas e 10 sms deixa-nos tranquilos e felizes acerca das metas que temos vindo a atingir sucessivamente.
Ficamos com a noção do dever cumprido mas, acima de tudo, ficamos com a sensação de o termos conseguido com muita qualidade.
Mas serve também de estímulo, porque as coisas vão continuar e as metas que nos propomos vão sendo actualizadas semanalmente. Cada meta que conseguimos vencer faz nascer uma outra, mais recente, mais difícil, mais exigente.
Até às férias o "Sexualidades, Afectos e Máscaras" trará algumas surpresas, com especial incidência para a emissão de 11 de Julho próximo e, obviamente, para a última emissão desta série que irá para o ar no dia 18 de Julho.
Mas não é fácil falar em televisão, em directo, em Portugal, em 2008, de Sexualidades e, acima de tudo, de Afectos que são aquilo que de mais íntimo temos. Ainda por cima neste novo horário, demasiado tardio e de difícil execução.
Há que referir, ainda, o nível de empatia, a dinâmica e o tipo de identidade de funcionamento que a Maria Jose e eu conseguimos atingir em termos profissionais.
Na realidade é para nós um enorme prazer trabalharmos em conjunto e, acima de tudo, fazermos o que fazemos, em tv e da forma como o fazemos.
As viagens de regresso a casa sao inconfessáveis.
O frenesim é demasiado.
Realçamos pormenores, reproduzimos "gags", salientamos argumentos, sorrimos com pequenas questões e vamos já a preparar a próxima emissão.
Sim porque fazer semanalmente o SAM obriga a um extraordinário trabalho de bastidores, mútuo.
A cerca de um mês de parar com as emissões creio que estamos de parabéns...mas as possibilidades de evolução são, ainda, muitas.
A ver vamos...

Ode a ti


Fecho os olhos para te ver...
Primeiro,
o Olhar,
profundo,
meigo,
Tranquilo.
Olhar que fala sem se ouvir,
causando ruído no silêncio da noite.
Fecho os olhos para te ver...
Depois,
o Sorriso,
aberto,
bonito,
solto,
sorridente de alegria.
Fecho os olhos para te ver...
Depois,
as Mãos,
quentes,
suaves,
fortes,
musicais,
detalhadas,
companhia para um toque,
uma melodia,
a dois.
Fecho os olhos para te ver...
Depois,
o Corpo,
a pele,
o teu cheiro,
o sabor a ti.
Fecho os olhos para te ver...
Depois,
todo.
Um todo querido
Um todo teu.
Um todo meu.
Abro os olhos para te ver...
Mas não te vejo!

domingo, 15 de junho de 2008

MUDA ALGO?


Muda algo quando uma pessoa se apaixona?
Refiro-me à interacção com o exterior, com o meio ambiente, com o ecossistema.
“Nada!”, dirão os cépticos...
“Absolutamente nada!”, acrescentarão os radicais...
Muda muito, muda tudo, digo eu.
Senão vejamos...
Subitamente o tempo que estava nebuloso, adquire uma claridade única, radiosa, musical, com cambiantes e tonalidades dignos de uma obra de arte.
O pássaro que todas as manhãs incomodava, invariavelmente com o mesmo grasnar, inevitavelmente à mesma hora, transmuta-se num fabuloso canário, detentor das mais belas penas, um quase arco-íris e capaz de chilreios paradisíacos. Passa a ser um belo confidente, testemunha viva de um processo que se pretende que avance com afecto, assertividade, capacidade de investimento e boa disposição.
Aquela aresta assassina de uma determinada mesa onde, todas as manhãs se bate com o dedo mínimo do pé, gerando uma explosão de vernáculo, dor e lágrimas, transforma-se num original fragmento de design e aprende-se a evitá-lo, com alegria e satisfação, principalmente por ergonomia da dor.
Quando, de manhã, a água quente para o duche falta, por uma qualquer falha do sistema o que constituiria um infindável e pesado processo de irritação, acaba por gerar uma gargalhada e, por vezes, uma reflexão sobre os benefícios para a saúde do uso de água fria no banho matinal...nos mais afoitos chega a ser o momento alfa que despoleta a decisão inabalável de nunca mais voltar a inebriar-se com os vapores de um banho quase turco e turvo que, de deliciosos, se transformam em nefastos.
Se faltam os iogurtes, o leite ou o pão para o pequeno almoço, incómodo que, ao acordar, assume proporções dantescas, acaba por ser motivo para uma re-engenharia de comportamentos no sentido de arquitectar uma outra solução que pode, inclusive, passar por um chá de que jamais se gostou ou até por aquelas bolachas integrais que, num momento de desvario, cedendo às manobras maquiavélicas do consumismo, se tinham adquirido numa grande superfície e até então se encontravam atiradas, abandonadas para um canto da despensa, antecâmara do lixo.
O acto de vestir, de tão maquinal, adquire outras tonalidades, gerando prazer e uma nova capacidade, anteriormente desconhecida, de gestão das peças no armário e o resultado final, até então maquinalmente considerado desastroso, passa a ser recebido com um sorriso de satisfação, orgulho e vaidade.
O vizinho rabugento que todas as manhãs teima em não cumprimentar acaba por ser objecto de desculpabilização, alvo de atenção e compreensão, tornando-se quase simpático, vítima, talvez, de uma qualquer maleita que incomoda, inibe, indispõe e justifica.
Se a empregada da limpeza do prédio teima em deixar o tapete da entrada torto ou fora do sítio, passa a ser encarada como saborosamente pitoresca.
E, de repente, sai-se para a rua.
Aqui sim, verifica-se a grande, a enorme mudança.
A cidade de cinzenta, feia e velha adquire novas tonalidades e arquitecturais edifícios, detentores de deliciosos pormenores nunca antes vistos, apercebidos e saboreados.
Os rostos da multidão, frios e inexpressivos, autênticos autómatos que, todos os dias, como um ritual automático, se entrecruzavam, passam a gerar interesse, tornam-se simpáticos, peças de um cenário de poesia matinal.
A lata de refrigerante que ficou atirada para o passeio, numa atitude selvática de desleixo e desinteresse, passa a ser oportunidade para um acto ecológico, contribuinte activo para a felicidade e a qualidade da vida ambiental.
Os incontornáveis desperdícios intestinais do cão da vizinha da frente, deixados, indecorosamente, ao abandono no meio do passeio, adquirem requintes de humor.
A longa, fastidiosa, torturante viagem para o emprego, eternamente geradora de encontrões e atropelos anónimos e selváticos exibe, agora, cambiantes de roteiro mágico.
Passa-se a olhar para as características da realidade exterior, de um outro prisma, com uma nova capacidade de desfrute, com mais prazer, de forma quase poética.
O emprego, aquele sinistro antro para onde, todas as manhãs se arrastava, dolente, vociferando por nada e tudo, passa a ser um local atraente, com novas potencialidades e características, nunca detectadas, detalhes até então invisíveis.
Até o chefe se torna simpático e sorridente, bom conselheiro...
E quando o olhar pousa no rosto amado?
Aí atinge-se o verdadeiro clímax!
Ouve-se música celestial, tocam címbalos, harpas e trompetes, violinos de som cristalino, melodia de um Afecto que agrada, estimula, inebria, apaixona, delícia...
O objecto da paixão, enquanto entidade una e global, adquire voluptuosas formas, doce postura.
Uma borbulha testemunha de um qualquer ataque tardio de acne adquire graça, doçura, musicalidade.
E o sorriso?...Cristalino, obra prima.
E o olhar?...Profundidade, significante e significado nunca até então vistos porque, agora, se tornou querido.
E o toque?...O cúmulo do prazer.
Até o cheiro se torna mágico.
O que muda, então, por alguém se apaixonar?
Tão só e apenas...Tudo!
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 15-6-08

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"SEXUALIDADES, AFECTOS E MÁSCARAS"-38ª emissão


Hoje irá para o ar à 1 hora, na Porto Canal, mais uma emissão do programa televisivo "Sexualidades, Afectos e Máscaras", desta vez dedicado ao tema do Assédio Sexual no local de trabalho.
Quantos gritos calados, quanta injustiça não falada mas sofrida, quanto violação cometida e que é oficialmente ignorada.
Apareça e contribua com a sua opinião neste que é o único programa, em televisão, em Portugal que, em directo, aborda temas fracturantes da Sociedade, relacionados com o que de mais íntimo existe, as Sexualidades e Afectos.
Penso que será mais uma excelente emissão.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"COMEÇAR DE NOVO!"


Começar, de novo...
No fim de uma qualquer relação é imperativo parar para pensar, para fazer o balanço, para reflectir.
Acima de tudo, para reestruturar.
Ter tempo e vontade para querer, poder e saber arrumar as recordações, porque as há, sempre.
É a oportunidade, o momento para encaixotar os cenários, os cheiros, os toques, as sensações, as imposições, as devoções, os carinhos, os significados e os significantes, as etiquetas que remetem para os mais diversos capítulos e cenas que constituíram a relação, que terminou.
E essa é uma verdade que é imperativo não esquecer, até porque serve de impulso, de ferramenta, de estratégia, para conseguir concretizar o que se pretende...encerrar, definitivamente, uma relação que terminou.
Após cada relação que termina, nada fica como dantes.
O tempo passou.
O tempo mudou.
São as recordações que, habitualmente, custam a deixar para trás.
Estão presas à pele, estão dentro da pele, fazem, já, parte da própria pele...
Até o próprio passado teima em pregar partidas, permanentemente, em despoletar recordações, de forma imprevista e imprevisível, em qualquer momento, mesmo nos mais improváveis e estranhos, nos mais pequenos pormenores do dia a dia.
São recordações, que saltam, que brotam, indomáveis.
São momentos de Afectos que voltam ao de cima, da penumbra dos tempos...
E doem...
E magoam...
Tenho que concordar que recordar é viver, mas não é sadio, não basta.
E as recordações explodem, e implodem, muitas vezes em catadupa.
Dos momentos, uns deliciosos, outros nem por isso. Uns mais conturbados, outros saborosos, um filme a recordar, um baú de sensações, emoções, devoções e por vezes, mesmo, imposições.
Mas urge fechar.
Urge fechar tudo!
Empacotar!
Encerrar!
Deixar ficar no escuro, na penumbra, como se de uma sala de recordações, de momentos, de uma outra qualquer época e realidade se tratasse. Porque é mais um acervo, a constituir e a construir o património próprio de Afectos, inquestionável e inviolável.
Inegável!
Indestrutível!
Imutável mas, acima de tudo, assimilável e ultrapassável...
Depois é preciso, é justo, é imperativo... renascer!
Fazer a reconstrução definitiva, para ser possível avançar.
Fazer a paz com o passado.
Reaprender a olhar, a ver, a sorrir, a caminhar, a saborear, a evoluir...em frente.
De início a sós...preferencialmente.
Protectoramente.
Saudavelmente.
Ergonomicamente.
Pedagogicamente.
Cortar, tranquilamente, o cordão umbilical com o passado.
Um crescer em plenitude, jamais negando o que ficou para trás, jamais esquecendo a aprendizagem, a aquisição, até porque “Nada seria sem o meu passado, mas nada seria, também, se me tivesse contentado com ele”.
É fazer o luto.
É o lamber das feridas, porque as há sempre e induzir, de forma assertiva, a sua cicatrização.
E depois...
Depois urge renascer.
Abrir e criar janelas de oportunidade.
Dar direito, oportunidade e espaço à luz.
Começar de novo.
E esse é, sem dúvidas, o grande desafio.
Começar, de novo.
Conseguir tirar do passado novas competências, novas estratégias para avançar, evitando cometer os mesmos erros, porque errados e antigos.
Começar, de novo.
Voltar a querer.
Voltar a crer.
Voltar a querer investir.
Voltar a querer acreditar.
Voltar a ter vontade de amar...o que é um desafio, pesado, sofrido, ínvio, perigoso...quase desacreditado.
Mas que se impõe!
Por dignidade, por justiça, por merecimento, por sentido de sobrevivência.
Estar disponível.
Estar disposto.
Estar pronto...
Para voltar a acreditar.
Para voltar a investir.
Para voltar a sonhar.
Para voltar a crescer...em relação.
Também aqui o passado é traiçoeiro porque, de forma sibilina, induz a comparações, branqueando os defeitos e hipervalorizando as qualidades de um passado que se quer tranquilamente distante. E esta é uma perigosa tentação porque impeditiva de um avanço, de um progresso, de um corte, quiçá epistemológico.
Mas urge continuar.
Urge avançar.
Urge voltar a ter vontade de viver.
De crescer.
De amar.
De ser feliz...assumidamente, de forma assertiva e em tranquilidade.
Decididamente.
Em paz consigo próprio e com o passado.
Enfim...começar de novo!
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 9/6/2008

"ONDE PÁRA A PALAVRA OBRIGADO?"


Onde pára a palavra “Obrigado”?
Para onde foi atirada, arrumada, esquecida?
Onde foi deixada, qual usada boneca de trapos, de tão estragada que tem sido, injustiçada, vilipendiada e a correr risco sério de cair em desuso?
Parece ter chegado uma nova forma de barbárie social com a modernidade, a mesma que trouxe a fast food , a internet, as sms, mms e todas as outras siglas identificadoras das mais dispares formas de comunicação...
Chamar-lhe-ia guturalidade de comportamentos.
Parecemos ser, cada vez mais, os novos bárbaros!
E esta forma de comportamento-descomportamentado, é também ilustrada, vivenciada e repetida pelos novos ícons da modernidade, inclusive pelos protagonistas da actualidade musical ... parece haver cada vez mais orgulho utópico em mostrar e demonstrar, quase até à exaustão, que terminou a elegância de comportamento em palco. Assemelham-se a fantasmas de uma realidade própria, espantalhos de uma actualidade oca, impreparados para lidar com a fama e gerir a janela de glória que se abre à sua disposição. Veja-se, a este propósito, o mais recente concerto de Amy Winehouse no “Rock in Rio 2008”, exemplo soberano de uma total ausência de civilidade, de saber ser e estar, de educação, de cidadania e, acima de tudo, de saber coexistir e conviver em sociedade. Pena é que estes ícons não se consigam aperceber, do alto da sua enorme vacuidade, que são verdadeiros lideres de opinião, exemplos a seguir por milhões de adolescentes e jovens que fazem seus os comportamentos e gestualidades exibidos por estes gurus da hodiernidade e, como tal, detentores de um enorme potencial para criar, construir, alterar ou destruir estratégias de comportamento.
Qualquer ídolo sabe, espero, que todos os seus trejeitos e comportamentos, verbais ou não, são imediatamente copiados à exaustão, à escala planetária.
Mas recuperemos o fio condutor...
Queixo-me do desleixo no uso da palavra “Obrigado!”
Mais do que saber viver é fundamental saber conviver em sociedade ou seja, “saber viver com”, utilizando a origem etimológica ...
Há três anos que escrevo esta crónica e não necessito de argumentar que não detenho uma forma de pensar conservadora, antiga, ancestral ou mesmo desadequada à vida actual.
Bem pelo contrário!
Precisamente também por isso me custa a adaptar a estas supostas novas estratégias comportamentais de interagir entre os pares, de um modo que considero estranho e obsoleto, para não dizer primário e selvagem.
Não sou assim!
Não foi assim que fui ensinado e criado!
Não será assim que me irei aculturar!
Recuso terminantemente!
Continuo a achar e a defender que as normas de educação, de civilidade, de cidadania, são adequadas a qualquer cenário e contexto.
Assim sendo pratico-as mas penso, também, ter o direito a ser tratado de idêntica forma, a receber igual feedback.
Aliás, muito para além do direito, exijo-o!
Fui ensinado, em toda e qualquer circunstância a ser educado e, acima de tudo, a respeitar para ser respeitado e, especificamente no contexto a que me refiro no momento, a agradecer, sempre que recebo alguma atenção ou um qualquer outro acto de cortesia.
Penso ser ancestral mas adequada e correcta esta linha de comportamento.
Até entre os animais existe um determinado grau de respeito, um código de comportamento, ainda que não idêntico ao que usamos em sociedade. Mas essa é, também, uma marca da nossa diferença e superioridade, uma evidência da nossa própria identidade.
No dito animal-homem existem fórmulas práticas e banais de cordialidade, quais passwords, como sejam o “Bom dia”, o “Boa tarde” ou o “Boa noite”, o “Como se sente?”, o “Desculpe” e, acima de tudo e de todas, o “Obrigado” .
Assim sendo, considero cada vez mais estranho e rejeito que a palavra “Obrigado” tenha tendência a cair nas teias do esquecimento e corra o risco de se tornar um referencial em desuso.
Quando cedo passagem a alguém, quando ofereço o meu lugar a outra pessoa, quando dou a primazia na estrada, nestes e em outros contextos, fico à espera e tenho direito a um agradecimento, à emissão de uma qualquer forma de reconhecimento.
Aliás, creio ser um dever de quem foi alvo da minha atenção e delicadeza.
Considero serem normas mínimas de cordialidade, princípios de conduta, regras de vida em sociedade...aquilo a que os psicólogos também designam, pomposamente por “estratégias de comportamento para lidar com as situações”
Até porque, somos animais racionais!
E o saber estar, viver e conviver, coexistir e, acima de tudo, sobreviver, nomeadamente em sociedade tem que passar, também, por este tipo de pequenos nadas que representam, acima de qualquer coisa, grandes tudos e marcam a diferença.
Precisamente por isso faço questão de continuar a dizer e a ouvir a palavra “Obrigado”!
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 31/5/2008

"O PRÍNCIPE DOS MARES"


Passou por mim altivo e distante, mas gracioso.
Quase felino...
Alto e magro, escultural, seguia em frente, alheio a tudo e a todos, indiferente à realidade que o rodeava.
Percebia-se que era um rapaz-homem.
Pressentia-se nele uma única intenção, que se via no olhar, que se sentia no frémito que lhe percorria o corpo à medida que avançava, sem hesitações, com destino previamente definido.
A sua meta era única.
A pele tisnada pelo sol e o cabelo, dourado, revolto e rebelde, completavam o quadro.
Era um sobrevivente...
Era um animal da natureza...
Era um predador dos mares e percebia-se que sentia falta do seu meio ambiente...notava-se na quase ansiedade que o fazia acelerar a passada.
Debaixo do braço trazia uma prancha, comprida, que o completava, que o integrava, sendo impossível dissociar onde terminava o artefacto e começava o rapaz-homem...eram peça única, global, um todo!
Sobre a pele via-se uma outra quase pele, colada, presa, protectora, que se agarrava ao corpo de modo ímpar, parecendo ser impossível conseguir arrancar aquela outra pele, aquele conjunto perfeito de aparentes escamas fundidas, feitas de borracha.
A cabeça ia altiva, soberana.
O olhar, de esverdeado, era distante, denotando que a única intenção era, exclusivamente, conseguir chegar, na máxima rapidez, ao meio que ansiava e sentia seu.
Por detrás da cortina de pestanas e do olhar distante e altivo, majestoso, percebia-se um outro olhar, mais real, mais vivo e vivido, sofrido, quase gritado, testemunha de um passado que de tão dorido se tinha transmutado em presente, sempre presente, condicionante e castrador, permanentemente dorido, ferida ainda aberta...
Na boca levava um meio sorriso, quase irónico, mantendo-se superior aos olhares vorazes que, à sua volta, enxameavam, como se de uma colmeia se tratasse.
Antevia-se um intérprete sem igual, de um bailado invulgar e a sua caminhada continuava, decidida e determinada.
Comecei a segui-lo embebido, para tentar perceber o que se passava, intimamente ciente que iria testemunhar um momento único.
À medida que a cidade foi abandonando o cenário e se foi fazendo substituir pelo ambiente marinho, as passadas ganharam ainda mais velocidade e vida.
Alegraram-se...
Agora quase corria, esguio, gaivota andante, tentando calcorrear em rapidez, a distância que ainda o fazia estar inquieto.
Os pés, quase alados, tocavam ao de leve as areias, que se afastavam, permissivas, obedientes, incapazes de impedir ou atrasar o inadiável.
De repente, surgiu o mar...
Majestoso...
Forte...
Enorme...
Poderoso...
E o rapaz-homem parou...
Respeitador, mas sem submissão, quase iguais, contemplaram-se.
Em segundos pareceram avaliar-se...De um lado a força da natureza. Do outro a força humana.
Silêncio se fez e de repente se desfez.
O mar, parecendo submisso, soltou uma onda pequenina, uma quase carícia que veio até junto dos pés do rapaz-homem, primeiro como que cheirando, avaliando, identificando e, depois do reconhecimento efectuado, transformou-se em carícia, quase carinho...
Apercebendo-se da decisão, o rapaz-homem, ainda altivo, sorriu, e atirou-se à besta amiga.
Primeiro ao de leve, parecendo degustar o momento, até ao mais ínfimo pormenor. Depois, acelerando a velocidade, distanciou-se.
De repente parou, como se recordasse algo, soergeu-se, rodou a cabeça para trás, olhou-me, saudou-me, sorriu, assentiu com a cabeça e, uma vez mais, distanciou-se.
Eu, simples mortal, deixei-me cair na areia percebendo ter-me sido concedido o privilégio de contemplar um bailado que previa único.
Rapaz-homem e prancha, num corpo só, numa entidade indissociável, iniciaram o bailado.
Primeiro de leve, com grandes movimentos, amplos e abertos.
Logo depois estreitaram os gestos, aumentando a velocidade que os orientava.
Passaram a revoltear, rodopiar, saltar, aparecer e desaparecer, mergulhar para voltar a subir, num graciosidade ímpar. Era um bailado guerreiro, quase carinho, ancestral mesmo, de uma beleza atroz. Não interessava perceber quem possuía quem...o grau de relacionamento era bem superior a esse tipo de minudências que o ser humano gosta de definir para conseguir sobreviver. Bailavam ambos, ao sabor de uma mesma melodia, identidades iguais, parecendo exibir o prazer recíproco de, em conjunto, voltearem, um entrelaçado no outro, sem definição prévia de estatutos e papeis, porque plenamente desnecessários. Estavam os dois presentes, eram os dois protagonistas do mesmo bailado e apenas isso interessava porque, acima de tudo, estava a ser executado em liberdade e com Afectos, tão só e apenas.
Fiquei embevecido, com a beleza do quadro que me tinha sido permitido contemplar.
Penso mesmo que cheguei a adormecer.
Quando recuperei a consciência, já tudo tinha terminado...
O mar tinha recuperado a calma...
O rapaz-homem tinha desaparecido, intérprete único daquele bailado.
E eu...
Eu tinha ficado sozinho, no meio de toda aquela imensidão mas, mesmo assim, sorria.
Chamei-lhe Príncipe dos Mares.
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 24/5/2008

"O CIGARRO DO MEU DESCONTENTAMENTO"...


Custa-me, cada vez mais, compreender e aceitar a progressiva passividade e o nítido desinteresse com que a população portuguesa vai reagindo, desmotivadamente, aos sucessivos acontecimentos que vão marcando a actualidade portuguesa.
Portugal e o seu povo sempre souberam ser agentes de causas!
Fomos lideres de movimentos, prestámos lições de cidadania...demos mundos ao Mundo!
E tudo isto, afinal, porquê e para quê?
Receio que estejamos a evoluir no sentido da transformação numa terrível e amorfa osga gigante!
Estamos a criar um outro produto artesanal e tipicamente português...
A anémona nacional!
Os dias passam, substituem-se uns pelos outros quase sem ruído, deixam cair alguma espuma e os portugueses continuam autómatos, desinteressados, desatentos, sem espírito, sem alma, sem ânimo, sem motivação, sem projecto, caminhando em frente porque tem que ser, da mesma forma como se fosse para trás ou para um qualquer outro lado.
Quem me lê interrogar-se-à, legitimamente, sobre o motivo de todas estas invectivas acaloradas...
Relacionam-se, logicamente, com o mais recente escândalo, de todos aqueles que já ocorreram, protagonizados por este Governo.
Falo do rocambolesco episódio do cigarro de Sócrates no avião...poderia ser motivo para um “sketch”, perfeitamente enquadrado na linha da revista portuguesa, por ser tão revisteiro. Seria, até, cómico, creio.
É contra o episódio do cigarro primo ministerial que se insurge esta crónica.
E não me gritem que já estão fartos do assunto, porque não aceito.
E não me repliquem que é um não-assunto, porque não compreendo.
Até porque, por questões muito menos importantes, diversos responsáveis internacionais viram-se obrigados a uma demissão célere e irreversível.
Eu sei que, em Portugal, essa questão já não se põe, e cada vez menos...infelizmente.
Parecemos ter enveredado por uma desresponsabilização dos responsáveis, pela descriminalização dos erros cometidos pelas autoridades...
Mas analisemos a questão friamente.
O Primeiro Ministro português fumou mais do que um cigarro, no decurso de uma viagem de avião, em deslocação oficial, acompanhado por outras entidades e altos responsáveis.
Conhecido o episódio, rápidas foram as desculpas...
Mas...
Em primeiro lugar, o episódio que aconteceu, não devia nem podia ter acontecido. Fica no ar a suspeita de que os detentores de cargos públicos se consideram acima da Lei, o que perverte a ligação entre o Estado, os seus responsáveis e as Leis que os regem, abrindo a porta a novos incidentes.
Por outro lado, não é nem pode ser legítimo que um Primeiro-Ministro alegue o desconhecimento da Lei até porque é o mais alto responsável pela governação do País e, como tal, pelo estrito cumprimento das Leis.
O Primeiro-Ministro não pode desconhecer a Lei!
E se a desconhece, cumpre ao seu Gabinete, nomeadamente às largas dezenas de assessores que o constituem, suprir a deficiência de informação/formação. Mas também não pode alegar que desconhece a Lei, por duas ordens de razões...o desconhecimento na Lei não inocenta uma falta, em primeiro lugar e, em segundo lugar, ninguém desconhece uma Lei que foi proposta e aprovada por sua própria iniciativa.
Mas continuemos.
Mesmo a nível psicológico o Primeiro Ministro não diz a verdade quando alega desconhecer a Lei porque, quando vai fumar, fá-lo de forma escondida, atrás de uma cortina, assumindo, nitidamente, a ilegalidade do seu comportamento. Até porque, como demonstra a Psicologia Básica, quando uma pessoa não sabe que um comportamento é ilícito, não necessita de o esconder.
Acresce ainda o facto de que o Primeiro Ministro esboçou uma tentativa de vitimização, parecendo querer acusar outros de um suposto julgamento na Praça Pública mas, rapidamente se apercebeu que seria útil e cauteloso inverter a estratégia, pelos danos colaterais que ameaçavam estalar.
Assumindo o papel de protagonista de uma comédia de baixo orçamento, vem José Sócrates, por último, pedir desculpa ao País e dizer que vai deixar de fumar quando, se queria enveredar por esse ridículo atalho, então o mais legítimo seria mesmo pedir desculpa pela falta e assumir que ia passar a cumprir a Lei.
É toda esta lista de enormes falácias que me conseguem irritar profundamente!
Irrita-me o episódio em si!
Irritam-me os protagonistas pela despreocupação com que falham, incumprimento atrás de incumprimento e não me obriguem a repuxar o caso Moderna, entre tantos outros!
Mas irrita-me, principalmente, o facto do Povo Português não ver as evidências ou, mais grave ainda, ver e não se importar.
Parece ser a demissão de um povo, de reclamar, de se insurgir, de não aceitar que haja dois pesos e duas medidas no cumprimento das leis mas, acima de tudo, o facto de parecer que o Povo, enquanto massa anónima, deixou de se importar, desistindo.
E isso...
Isso é grave, muito grave, principalmente para a qualidade e durabilidade de uma Democracia.
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 17/5/2008

domingo, 8 de junho de 2008

COMEÇAR DE NOVO...


Estive fora deste blog e, acima de tudo, do contacto estreito que sempre mantive neste espaço, mais de um mês.
Por vontade própria.
Por dúvidas se continuaria, ou não, com ele.
Acima de tudo por ter sido um mês muito difícil e complicado.
Muito trabalho.
Três conferências.
O compêndio de Biologia da Porto Editora, de que fui o revisor científico, a ser editado.
Mas e principalmente um mês complicado na área dos Afectos.
A primeira vez que passei o Dia da Mãe sozinho.
O primeiro aniversário da morte da minha Mãe.
O encerrar de uma relação afectiva de quase seis anos de vida em conjunto que foi, é e será sempre, de forma transparente e assumida, não uma relação mas A RELAÇÃO.
E tudo isto me fez pensar.
Tudo isto me fez parar.
Tudo isto me fez questionar muita coisa, inclusive o continuar em Portugal.
Depois de muito pensar, de ver e ouvir o mar e de chorar tranquilamente, decidi voltar.
Não sei se será definitivo...
Mas enquanto aqui estiver, estarei como sempre, na totalidade.
Quem gostar de mim compreende-me.