domingo, 3 de junho de 2007
FLOR-MA
Era uma flor!
Não era uma flor igual a tantas outras flores...
Era, talvez, a mais bela e doce flor que os olhares do Mundo tinham visto.
Vistosa, alegre, colorida, ternurenta, suave ao toque, doce e meiga, como não havia nenhuma outra.
E o menino, que de tão pequenino que era, nem sequer tinha forças para se erguer ou para comer sozinho, quando abriu os olhos e a viu... sorriu!
Tinha visto a flor...
Aquela flor tão bela e doce.
Era a sua flor!
E chamou-lhe Mã...
Ficou a ser a sua Flor-Mã...
O tempo foi passando, umas horas mais lentas outras tão rápidas que nem um pestanejar conseguia acompanhá-las...
E o menino começou a crescer.
Primeiro passaram as horas, depois os dias, então os meses e por fim os anos.
E o menino foi crescendo, crescendo, crescendo, até que se tornou um Homem, pertença daquele sítio onde vivem todos os homens.
Mas este menino crescia diferente.
Este menino, tinha a seu lado a mais bela e doce flor, vistosa, alegre, colorida, ternurenta, suave ao toque, doce e meiga, como não havia nenhuma outra.
Era a sua flor...
Era a sua Mã!
Companheira, amiga, guardiã...
A sua Mã estava sempre lá e isso, só por si, inundava o menino de alegria... o prazer da companhia, da presença, a sensação doce de se sentir amado.
Até que o dia chegou...
Um daqueles dias escuros, frios e amargos, daqueles que nunca deveriam chegar aos meninos.
Esse dia teria que chegar e, nesse momento, chegou mesmo!
O dia, de claro passou a escuro.
Os pássaros, calaram-se.
As águas, pararam.
Os outros meninos, deixaram de rir.
Tinha chegado a hora...
E a flor, vistosa, alegre, colorida, ternurenta, suave ao toque, doce e meiga, como não havia nenhuma outra partiu, deixando o menino sozinho... O menino que já não era, desde há muito, menino, sentiu-se de novo um menino, bem pequenino, só que agora... triste e só!
Com uma tristeza maior do que todos os oceanos juntos!
Com uma solidão maior do que todos os desertos unidos.
E, nesse dia, o menino, sentindo-se sem a sua flor, sentindo-se sem a sua Mã, percebeu, sentindo, a maior de todas as dores...
As dores violentas da saudade.
As dores violentas da ausência.
As dores violentas da partida, sem regresso...
A dor da partida da sua Mã!
Agora o menino sabe que já não mais verá a sua Mã... Mas também sabe que ela não mais sairá do seu coração, do seu cantinho mais doce e inocente.
Sabe que a sua Mã estará sempre presente, a seu lado, a sorrir consigo, a chorar consigo, a protegê-lo...
E isso é bom, muito bom!
Mas não chega.
Queria o menino poder, uma vez mais, apenas, olhar bem dentro da sua flor, olhar bem dentro da sua Mã e dizer-lhe, no tom que só os meninos sabem usar quando falam com as suas Mãs, bem baixinho... Adoro-te, Mã!
in "O Primeiro de Janeiro" a 3/06/2007
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9 comentários:
Lindo! Doloroso, sentido mas apesar de tudo, lindo.
Força, Amigo!
Obrigado, Cristina.Vamos em frente, dorido, rasgado, sofrido, mas em paz. E vou conseguir!
E porque uma mãe merece tudo,uma linda homenagem professor...
Muita força,é uma pessoa com garra irá conseguir seguir em frente...
Vou ter de conseguir, Joana.Um beijo grande.
Não adianta dizer-te que a Vida segue. Tu Sabes.
Não adianta pedir-te que consigas ultrapassar a dor da perda e viver cada dia. Tu consegues.
Não adianta pedir-te que te reinventes na saudade. Tu és capaz.
Não adianta mais nada, mas não deixo de o dizer...Um beijo carregado de mim.
Um beijo carregado de ti, minha querida Patuchinha e também por isso, de doce sabor.
Muito bonito Sr Manuel.
A vida é mesmo assim Ha que sobreviver no meio desta selva.
Tenho a plena certeza que sua Flor não gostaria de o ver assim, como ja lhe disse voçê não esta sozinho neste caminho duro da vida.
E so quero dizer que esta flor partiu mas deixou aqui uma relíquia bem valiosa já por isso obrigado...
Beijinho*
Obrigado Ruy, pela solidariedade, pela simpatia e pelo carinho.
Há momentos em que todas as palavras estão a mais. Achei um desses aqui.
E porque sei como dói, deixo um abraço bem apertado no silêncio que afaga
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