sexta-feira, 15 de maio de 2009

ADRIANO VAZ SERRA E JOÃO MARQUES TEIXEIRA

A Homossexualidade deixou de ser considerada doença a nível mundial a partir do momento em que a APA ( Associação de Psiquiatria Americana), em 1973, a retirou da lista das perturbações psiquiátricas.
Em 1973!!!
Desde então, tem vindo a ser percorrido um trajecto científico e pedagógico no sentido da linear e justa aceitação desta orientação sexual, a nível médico, institucional e governamental, num primeiro momento pelo direito à diferença e, numa segunda fase, pelo direito à indiferença.
Escandalizam, pois, as recentes declarações do psiquiatra Adriano Vaz Serra, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria, e de João Marques Teixeira, Presidente do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos.
Estes dois clínicos, em entrevista ao jornal "Público", a 2 de Maio, afirmam ser possível condicionar medicamente a orientação sexual e a identidade de género.


E Marques Teixeira vai mais longe quando sugere o "reenquadramento" (farmacológico?) da orientação sexual.
E estas afirmações chocam, de forma violenta, pela imprecisão científica, pela inverdade médica e, principalmente, pela dúvida que suscitam e pelos fantasmas que tentam fazer regressar à sociedade portuguesa.
Quando Marques Teixeira fala em "reenquadramento da identidade de género", apetece-me questionar se considera farmacologicamente possível "transformar" um heterossexual em homossexual? Não? Então porque sugere que o inverso é possível?
Ancestralidade boçal a vir ao de cima?
Mas continuemos...
Como Sexólogo, como Professor Universitário, como Médico, como Homem e como Pai, refuto, veementemente esta caterva de aleivosias.
Também por isso faço sempre questão de afirmar, desde há muitos anos de prática profissional, que há uma enorme diferença entre ser Médico e ser licenciado em Medicina...
Adriano Vaz Serra e João Marques Teixeira deveriam ler, conhecer e entender a História Universal...
Também esta foi uma horrenda área de experimentação supostamente médica nos campos de concentração nazis!

14 comentários:

Juannah disse...

Realmente! Não Vi a noticia mas pelo que diz só faltava que promovessem terapias para "tratar" e modificar a orientação sexual de cada um! Enfim, se no mundo se verifica a evolução, em Portugal procura-se evoluir regredindo-se!
Esses Srs Doutores um dia destes vão querer editar uma nova versão do DSM voltando a incluir a homossexualidade, talvez quê... Eixo III??? Enfim....

Manuel Damas disse...

DE acordo, Juannah.
Seja bem vinda.
Beijinhos

Rui Manuel Costa disse...

Pois é caro professor...estou atónito com o que li, sobretudo as afirmações vindas de alguém que aprendi a respeitar, como o Prof. João Marques Teixeira, que foi meu professor durante o curso! Alguém que aprendi a admirar cientificamente...:( E acrescento, sobretudo, alguém ligado ás terapias humanistas...
Por outro lado, Adriano Vaz Serra, o qual aprendi a apreciar desde o segundo ano da faculdade, e com o qual aprendi muita psicopatologia!
Não conheço o contexto no qual foram proferidas estas palavras, mas soaram me mal!
Esta corrente da psiquiatria biológica deixa me sempre com um sorriso troçeiro(passe o neologismo) nos lábios!

Manuel Damas disse...

Oh Rui...
Serão mesmo só e apenas correntes biológicas?
Cheirou-me a homofobia...
Um abraço

Rui Manuel Costa disse...

É tudo muito estranho...
Imagino quem se deve ter passado com estas palavras! A minha colega, Gabriel Moita, deve estar atónita! Gostava de ouvir o que ela tem a dizer sobre o assunto...
Um abraço!

Manuel Damas disse...

A Gabriela já se pronunciou e não foi tão assertiva e cáustica quanto eu gostaria, mas enfim...

Rui Manuel Costa disse...

Estou admirado! Ela costuma ser bastante assertiva...
Grande abraço!

Manuel Damas disse...

Pois...
Um grande abraço, Rui.

hhh disse...

Estou estupefácto com a vossa reacção acerca deste mais que benéfico tratamento químico. Qualquer dia afirma-se que se trata de homofobia, ou pretensão de ser pioneiro na vitória de uma guerra antiga, com comoventes actos como implantação secreta de testiculos de defuntos, ou terapias de aversão supostamente bizarras e traumatizantes, infelizmente sem efeitos, ou até mesmo desejo de lucro com tratamentos inovadores, quiça apego à esperança de curar um mal da homosexualidade latente e não aceite dos intervenientes. Qual é a diferença entre mudar um nariz grande, e mudar de orientação sexual, assim como a forma de sentir e desejar?.O paciente tem direito a escolher livremente as suas mudanças em todos os aspectos(excepto se proveitoso, arriscado, ou incompreensivél para o médico). O psiquiatra não tem que orientar as pessoas, nem elucida-las, nem tão pouco ser ético. Isso do humanismo, da ajuda da aceitação, são pormenores gay, anda bem que existe este tratamento. Será correcto não aceitar que o psiquiatra seja, quando lhe convier, uma máquina de vending de transformações ao gosto do fréguês, excepto se considerar mudar o que não compreende no paciente, ou porque seja profissionalmente arriscado deixar intacto.Responsabilidade social,provocar mudanças positivas nas mentalidades, e combater o preconceito, não cabem a um médico.
Nunca leram que Quem só sabe de medicina, não é médico, é Perfeito? Não estudaram psicologia? Há 3 componentes a ter em conta, o meio envolvente (que dita o que é correcto e inquestionavelmente e unicamente aceitavél), o biológico (que dita as possibilidades de mudança e as limitações do terapeuta), e a pessoa (cujas características devem ser aproveitadas acima de tudo financeiramente e para ganhar currículo, tanto profissional, como com as farmaceuticas), e o resto é má fé das pessoas. Acho muito bem que haja acima de tudo preocupação com este tipo de tratamentos químicos. Qual a diferença entre mudar um nariz grande e mudar a forma de sentir e viver? Nenhuma claro. A sociedade não aprova a homossexualidade, é perfeitamente justificavél mudar de orientação, não se esqueçam da componente do meio envolvente, que dita o que é correcto, era o que faltava agora os médicos incutirem amor próprio, humanidade, ou até mesmo mudanças de mentalidade. Era o que faltava fazerem mais do que aprendem teoricamente.

hhh disse...

Alias, eu até vou aproveitar dois novos tratamentos inovadores que também estão prestes a surgir, e nem vou esperar pelos resultados de estudos válidos e seguros. Vou já ser cobaia para passar a ser Gay, porque vou trabalhar para uma colónia de férias gay e lá o meio envolvente é outro, e tenho azar com as mulheres, pelo que na impossibilidade que sinto de agradar ao sexo oposto, vou ser tratado para gostar do mesmo sexo. Além disso, como depois vou para a Arábia Saudita, e lá o meio envolvente é diferente, vou ser quimicamente tratado para apreciar o corte punitivo de mãos, porque um primo me arranja lá um part-time como executor, e tenho aversão ao sofrimento humano. Também vou pedir um tratamento para desprezar as mulheres, que lá a mentalidade é outra. Deixem-se de manias antiquadas e vivam o progresso sem questionar. Quanto aos vossos comentários, desprovidos de qualquer fundamento, com uma notória revolta e indignação patológica, devo afirmar, que acho que sim, devia ser novamente incluido no DSM a homossexualidade, assim como o síndrome nefasto da emissão de opinião contraditória, juntamente com a perturbação afectiva humanista, ou o síndrome maligno da responsabilidade social, e o sindrome maniaco-ético, juntamente com a perturbação esquizo- aceitativitóide das diferenças alheias. Ou acham que todos gostam dessas características medonhas? Lembrem-se da importância do meio envolvente. Quanto ao facto de lhe cheirar a Homofobia, senhor Professor, trata-se claramente de uma alucinação olfactiva, e fico triste por incentivar a indignação aparentemente saudável. Quanto à sua desilusão Dr.º Rui Costa, acho no mínimo lamentável, pois se admira cientificamente, admira muito bem, só falta dizer que para ensinar algo basta saber, e por isso receber monetáriamente, ou que lhes faltam sentimentos humanísticos nas correntes humanísticas, só lhe faltava mesmo falar em hipocrisia. Quanto à contenção da Dr.ª Gabriela, considero positiva, que isto de dizer o que é correcto nunca foi positivo, devemos ser sempre neutros ou concordantes, nem que implique evitar dizer o que supostamente deve ser dito, pois não existem cumplicidades negativas e a coragem nas afirmações publicas nunca deu bons resultados. Aliás, devo afirmar que já estou deveras irritado, e sugiro que apreciem esses vossos sentimentos desagradáveis pelo respeito pela vida humana, e que provocam essa tão patológica indignação por tão positivo tratamento.Amanha mesmo darvos-ei Haldol Decanoato IV (não se assustem que é apenas uma vitamina para vos proteger desse mal estar, com bons resultados em dissidentes políticos na ex-união soviética, que também tinham a mania das humanidades), pois estou esperançado que com o lobo pré-frontal mais anestesiado, se deixem de manías, passem a aplaudir a boa vontade, e quem sabe, tomar algo para eliminar o que a sociedade considera incorrecto. cumprimentos a todos, e as melhoras.

Hugo Sousa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hugo Sousa disse...

está claro que não é uma escolha, ou não existiriam animais primários, que se regem por impulsos e instintos, com o mesmo problema.
não é homofobia, é um facto.

Anónimo disse...

Todo/a o/a homossexual é pessoa. Todo/a o/a heterossexual é pessoa. Todo/a o homo-heterossexual é pessoa. Todo/a o hetero-homossexual é pessoa. Todo o padre ou freira é pessoa. Todo/a o pedossexual é pessoa. Todo/a o/a parafilico/a é pessoa. Todo/a o/a transexual é pessoa. Juntem-se todos e esclareçam-se. Da discussão nasce a Luz, embora os gostos não se discutam, diz o ditado.
Mas ninguém vê o cisco no seu olho nem que ele seja como um trangolho e também ninguém deve ser juiz em causa própria.
Mas que diabo de cisma havia de pegar na tola do adrianinho e do joaozinho quererem moldar as diferenças para as suas imagens. Acham-se deuses, divindades ou ditadores? Se as pessoas se sentirem bem com o que são e não incomodarem outrém há que os deixar em paz, são atributos ontogenocongénitos. O Criador lá sabe o que faz.
O haldol para atordoar os dissidentes da linha adriano-joanovski como no tempo dos gulagues dos psiquiatras bolchevique pode parecer ficção mas é o remédio que a Ordem dos Médicos tem mandado o Marques-Teixeira aviar para correr com os internos indesejados postos por malucos pelos orientadores. E não tarda nada que o Marques-Teixeira tenha a Justiça à perna por andar a forjar perícias psiquiátricas fraudulentas contra internos para os pôr no manicómio. Uma pouca vergonha este MT duma figa.

Pedro António disse...

Gostei da ironia do falco, mas é muita info pra uma questão mais profunda e simples. Daí ter achado o comentário do dr hugo sousa mais interessante. O hugo disse uma verdade, um facto, um facto brutal. Porém, a leitura do facto quanto a mim está errada ou incompleta. Porque a coisa é muito mais simples e profunda ainda: é isto: realmente n é uma escolha, é impulso, mas e daí? Por ser contra a regra (hétero) n conta? As excepçoes n são parte integrante da Natureza? A regra é vir uma castanha em cada ouriço; mas n há umas poucas q vêm aos pares (e às vezes três) num só ouriço? Regra e excepçao são uma unidade, a Natureza comporta as excepções. Sejam lagartos, castanhas, ou pessoas. N se pode é cair no erro de querer que a excepçao seja a regra. A heterossexualidade comandou, comanda e comandará as espécies: é o natural dentro da Natureza. Mas tb o estranho, tb o incomum a Natureza abriga e cuida.
Eu n consigo sentir a homossexualidade, nem gostar dela; mas + que a aceitar compreendo-a. Ser ou não doença é demasiado complexo pra mim, confesso. Há muita subjetividade nisso, é palavroso e inútil, é formalismo. O importante é ninguém se sentir discriminado, mas sim integrado e amado. Por último, quanto à medicação, penso que só deve tomar algo alguém q não esteja bem consigo mesmo, ou por n se conhecer, ou por n conhecer o mundo, e assim, sofra; aí a sensibilidade e saber médicos entram em jogo. É certo que é muito difícil ser bom. Mas vale a pena. E depois, ir a um psicólogo devia ser bem mais rotineiro q ir ao dentista. Aqui está a base de tudo.