terça-feira, 28 de novembro de 2006

O peso de dizer "Amo-te"!

Vivemos numa Sociedade despudoradamente plástica!
Pronto!
Se o pensei, escrevi-o. Se está escrito, está assumido!
Senão, vejamos…
Vivemos numa sociedade em que somos constantemente bombardeados com estereótipos que os media alardeiam, referenciais utopicamente inatingíveis, ainda que hiperpresentes e à distância de um olhar, condicionando em permanência as vivências de cada um.
Estamos, todos, sob a tirania do “perfect body and no mind”, e a angústia do inatingível tortura-nos em permanência.
É o mito da perfeição, que usa sabiamente todos os nossos sentidos, condicionando ferozmente procedimentos, atitudes e ideais.
E isso reflecte-se, perversamente, no âmbito das nossas relações, na janela da nossa afectividade.
É a era da World Wide Web, em que o amanhã rapidamente se torna hoje e vertiginosamente ontem, transmutando as certezas logo em probabilidades e depois em inverdades… e isso condiciona as nossas vivências afectivas.
A época é de incertezas, senão de contradições, gerando um elevado potencial de insegurança.
E, como tal…não há tempo!
Tudo tem de ser rápido e prático, a busca do dito amor perfeito surge aparentemente extenuante, atirando para a prateleira dos referenciais museológicos a procura, hoje tornada insana, do “foram felizes para sempre”!
As relações tornaram-se plásticas e descartáveis… e por isso práticas e rápidas.
Assumidamente não vinculativas…propagando um quase temor de vinculação afectiva.
Isto porque construir uma relação implica tempo, disponibilidade, investimento, paciência, confiança, negociação, aceitação, dádiva,…ou seja, a queda das máscaras que todos criámos, com o intuito de protecção…e, sem elas ficamos frágeis.
Amar fragiliza e a modernidade não se compadece com fragilidades!
Dessa constatação advém a cómoda justificação da plasticidade moderna das emoções.
Já para não referir a aparentemente consensualidade quanto à genitalização das vivências.
Parece não haver tempo para a ternura e para o carinho, temendo-se o peso avassalador de dizer: Amo-te!
E isto é um fenómeno que não se direcciona apenas para algumas faixas etárias da nossa aldeia global, atingindo transversalmente e de modo preocupante todos estratos sociais e etários.
Urge inverter a situação!
Urge criar espaço e tempo para dizer: Gosto de ti!
Amar e ser amado tem de continuar a ser um desejo universal, sem medo dos custos… até porque o reverso da medalha é a solidão afectiva…rodeada de uma enorme e gélida imensidão de pequenos nadas.
in "O Primeiro de Janeiro"

2 comentários:

JuneBug disse...

esta crónica está simplesmente fantástica! é verdade que há pavras absolutamente assustadoras....a... é uma delas!!1 por isso é tão mais fácil optar pelo "perfect body no min" enfim....
felizmente há excepções a regra!!! pessoas com perfect body and perfect mind: like me!!! lol just kidding!!!
beijo enorme amio!! e um abraço ainda maior!!!

Gi

Manuel Damas disse...

obrigado pelo teu agradável comentário.beijos grandes