sábado, 19 de julho de 2008
DOIS ROSTOS NA MULTIDÃO...
Dois rostos cruzam-se na multidão...
Sem nome, sem idade, sem relação...
São apenas dois rostos, que se cruzam na multidão.
Fruto do acaso, talvez.
Coincidência?
Quem sabe...
A força do destino?
Custa-me a acreditar em predestinação ou em desígnios...
Mérito de uma qualquer entidade divina?
Cada vez mais me é difícil atribuir, de forma facilitista e desresponsabilizadora, a uma qualquer entidade supostamente divina, a autoria de momentos e acontecimentos que sucedem, na vida de cada um, em catadupa.
Deus, Buda ou Alá, a existirem, não teriam tempo para desperdiçar com estes biliões de pequenas minudências que sucedem a cada segundo da existência universal, mesmo que possam significar a diferença.
E os anjos da guarda não têm competências nem poderes para conseguir alterar a trajectória do ser humano...
Sinceramente não vou por aí!
Nem sequer acredito que seja possível atribuir estes fenómenos ao desígnio de uma qualquer força cósmica ou à atracção electromagnética que une ou repele entidades.
Aconteceu, tão só e apenas.
Segundo a teoria probabilística, algo sucedeu para que estes mesmos dois rostos e só estes rostos, naquele momento único, nem um segundo a mais ou a menos, se cruzassem, naquele dia, naquela hora, naquele minuto, naquele preciso e conciso segundo.
Se um qualquer grão de poeira cósmica se tivesse deslocado, de forma ínfima, para um lado ou outro, num determinado momento, seria suficiente para pulverizar a probabilidade de existência deste encontro. Em termos práticos, um telefonema que surge, um atacador que urge atar, uma migalha que se apanha, um gesto de ajeitar um cabelo rebelde, uma saudação mais demorada a um vizinho, poderiam ter significado a diferença.
Mas não!
São dois rostos que se cruzam na multidão.
Anónimos.
Mas, mais ainda, são dois rostos que se cruzam, se fitam, se olham, se vêem!
E tudo isto marca a diferença.
A partir deste primeiro segundo do epifenómeno, estão reunidas as condições para que este possa ser o momento alfa de uma qualquer coisa...
A partir deste momento, tudo pode acontecer.
São dois rostos que se cruzam na multidão...
Mas são, também, dois rostos com um passado, um presente e que desejam, naturalmente, ter um futuro, que até pode vir a ser em conjunto...
Para estes dois rostos que se cruzam na multidão, o futuro pode estar a começar ali, naquele preciso momento e este encontro pode vir a representar um início...Pode vir a tornar-se um marco para mais tarde recordar com um sorriso de nostalgia e uma troca de olhares carregados de significantes e de significados.
São dois rostos que se cruzam na multidão, eventuais diferentes maneiras de ser e estar, de pensar, de agir, de reagir, de gostar, de desejar, de amar... certamente um diferente Património de Afectos.
Talvez não sejam, já, apenas dois rostos que se cruzam na multidão mas são, certamente, duas vivências, duas realidades, dois mundos...
As imponderabilidades acontecem mas, o Mundo continua a rolar, na sua altaneira inevitabilidade!
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro" a 20/7/2008
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20 comentários:
O texto está muito bem escrito, mas não é tudo na vida assim?
Se somos ou não marionetes de um qualquer Deus, do acaso, do destino, ou sei lá o quê mais, não sei.
Mas um amigo do meu pai sobreviveu a 3 desastres de avião. Um perdeu-o, nos outros 2 foi o único sobrevivente.
Estranho não? O Anjo da Guarda dele devia ser especial:)))
Beijinhos, veludinhos e cetins
para dizer a verdade também não sei se acredito em destino.
eu diria que há coisas que têm de acontecer, outras serão fruto das nossas decisões e opções.
quanto aos rostos que surgem na nossa vida, devemos aprender a valorizar todos eles porque de uma forma ou de outra têm sempre algo de bom para nos oferecer.
destino ou não? who cares?!
bjinhos ;)
Excelente texto.
Não acredito em destino, na acção de entidades divinas, por isso, venha daí a Teoria das Probabilidades. Acredito que no meio das imponderabilidades algum poder está nas nossas mãos: as nossas acções irão influenciar a probabilidade dos acontecimentos que se lhes seguem.
Beijinhos com raios de Sol
Professor. Há quem não acredite no destino, ou em forças sobrenaturais.
Eu também fui desses, até ter passado pelo "Alhambra".
A partir daí, além de olhar para a frente, para trás e para os lados, ponho também os olhos no chão e para cima, porque nunca se sabe de onde vem a sorte (ou má sorte).
Um abraço respeitoso
O incontornável "acaso" guiado, pelo nosso sentido, guia-nos ao encontro de pequenas maravilhas :)
Beijinhos
Essa é uma perspectiva...
Mas não acredito no destino nem em milagres...
Um beijinho grande, "blue"...
I care!
:))))))))))))))))))))))))))
Beijinhos grandes "mac"...
São as acções e as contra reacções, CC.
Um beijinho grande.
Um grande abraço Zé...
Acredito?
Não acredito?
Talvez?
Sinceramente ando em frente. O resto....vou ficando a ver e a observar.
Um grande abraço
Por um "acaso" nos conhecemos, olazinha!
:)))))))))))))))))))))))))))))
Um enorme beijinho!
Não sei porquê, mas sinto que estas palavras - bem escritas, são mais uma mensagem com um único destinatário.
Que o "cruzar" aconteça e defina resultados que, prefencialmente, agradem a ambos ou, por outro lado, que sirvam como alavanca para um "novo" percurso. Boa Sorte, se estiver certo. Perdoe, se estiver errado.
Abraço com Amizade.
Meu caro Francisco...
Meu caro Francisco...
Oh homem...agora quer ser a Maya???
:))))))))))))))))))))))))))
Um grande abraço mas, meu caro, creia que a água não passa duas vezes por debaixo da mesma ponte.
:)))))))))))))))
Pois, tenho razão.
Boa travessia mas... mas "nunca diga nunca".
Um abraço.
Passei, li e gostei....como sempre:)))
Boa semana e beijinhos.
Olá professor, vinha deixar um beijo, que há muito devo neste espaço, e deparo-me com um texto magnifico, daqueles que me fazem pensar...
Eu, acredito no destino!
não como uma mera marioneta, mas um traçado de vida que, mesmo que pretenda pouco poderei alterar.
Assim senti a minha vida até hoje, amanhã, não sei e de certeza que não vou ficar parada na esperança que esse destino dite a minha vida.
Beijinho
Never say never again...boa máxima.
Minha querida nav...um beijinho grande e bom semana para si também.
A vida, coragem, somos nós que a fazemos...ou desfazemos.
Um beijinho grande.
hmmm... you care?!
há coisas que acontecem e pelas quais não sou responsável... e não consigo explicar o porquê de...
destino ou não, haverá sempre algo exterior a nós que nos influencia e não podemos controlar... don't you agree?!
nesse encontro de que fala entre os 2rostos... espero que corra tudo bem... e que a felicidade de ambos dependa unicamente deles... (se está a falar de algo pessoal, desejo-lhe sorte :D)
bjiiinhos ;)
Minha querida "mac"...não estou a falar de nada de pessoal.
Aliás, eu aqui nunca falo de nada de pessoal!
:))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
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