RÁDIO CLUBE PORTUGUÊS - "MINUTO A MINUTO"

Acabo de dar uma entrevista para o Rádio Clube Português, para o programa "Minuto a Minuto".
O motivo da entrevista era saber a minha opinião acerca da recente criação do "SexLab", uma unidade de investigação na área da Sexualidade, sediada na Universidade de Aveiro e com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Obviamente que a minha primeira atitude foi saudar e congratular-me, enquanto membro do meio académico, com este facto.Creio que este tipo de inciativas, desde que credíveis e credibilizadas, devem ser apoiadas.
Mas fui mais longe quando manifestei o meu receio sobre se este tipo de actividades de investigação universitária consegue produzir resultados em larga escala e, acima de tudo, se consegue transcender-se, libertando-se das idiossincrasias próprias de quem efectua investigação no meio académico e chegar à população anónima e aos seus problemas, conceitos e pré conceitos...
Também eu verifico a dificuldade que sinto cada vez que tenho que me adaptar, inclusive em termos de postura e de registo, consoante vou fazer uma conferência, uma consulta, dar uma aula ou participar num projecto de investigação...até porque conheço e reconheço os meandros, os perigos, as tentações e as condicionantes de quem só faz investigação. Acaba por se verificar um prejudicial afunilamento das perspectivas e das formas de agir, de reagir e de interagir.
Mas quem está no terreno sabe que a população necessita de ajuda e apoio no sentido da desconstrucção de estereótipos e na resolução de problemas muito práticos...
Necessita de respostas a questões tão práticas como a diminuição do desejo, a angústia do desempenho, a falta de diálogo,carinho e amor nas relações, as questões de género, as questões da orientação sexual, a falta de afectos, a violência doméstica, enfim, o direito à felicidade.
Ao português anónimo não interessa que exista a dopamina, por exemplo, mas apenas que a sua sexualidade esteja funcionante...
Receio, pois, que este tipo de entidades não saiba ou não consiga adaptar o seu registo, de forma a torná-lo perceptível, abrangente, pedagógico e eficaz.
Mesmo assim quero acolher e saudar estas novas entidades e estruturas que representam, acima de tudo, actos de coragem.
Vamos esperar para ver...