sábado, 19 de maio de 2007

CRONICA DE DOMINGO DIA 20/5

Como irei estar ausente, aqui publico, antecipadamente, a crónica que sairá, no próximo dia 20 de Maio.

“Ainda sonhas?”, perguntas-me curioso.
“Sempre!”, respondo assertivo.
E é a realidade...
Sonhar anima.
Sonhar é bom.
Sonhar faz bem.
Não me refiro ao sonho que nos invade quando dormimos, já sem defesas, já sem máscaras, tentando ultrapassar os momentos maus do dia e reviver os bons.
Não me refiro ao sonho pelo qual, libertos do ónus da modernidade, regressamos à tranquilidade, recuperamos as expressões faciais da infância, distendemos os músculos tensos e voamos nos braços de Morfeu...
Não!
Não é esse o sonho a que me refiro.
Estou a pensar, especificamente, no sonhar acordado...Nos sonhos que, à luz do dia, todos temos e nos permitem voar, conscientes, acreditando que é possível, acreditando que tudo é possível...que ainda é possível ser feliz!
É esse sonho que à claridade relaxa, faz sorrir, inebria, dá prazer.
É esse sonho que me deixa imaginar estar nos teus braços, em ti e contigo...
Até porque o sonho liberta, mas também ilumina.
Através do sonho pintalgo a realidade com as cores do arco-íris, únicas, fascinantes...porque a realidade não tem que ser incontornavelmente incolor, de um acinzentado triste, inodoro, frio...
Através do sonho arranco as amarras que me condicionam, me prendem, me encarceram e parto, enfim livre, disponível para, como uma pluma, vogar ao sabor da aragem.
Através do sonho a erva daninha transmuta-se em flor multicor, adquirindo tonalidades únicas, mágicas.
Através do sonho o mais feio insecto conquista outra beleza, outros cambiantes, já não monstro, antes bela borboleta, que volteia ao som de um qualquer bailado.
Até porque sonhar liberta e o sonho, só por si, não se vê obrigado a seguir normas, convenções, rituais...a cumprir estatutos e papeis.
Como diria Pessoa, “Sonhava, anónimo e disperso...”
Nos sonhos não há tristeza, desilusão, traição, solidão.
Nos sonhos não há fome, não há guerra, não há violência, não há morte.
Nos sonhos as crianças não choram...
Nos sonhos sorri-se, de forma cristalina, com esperança, alegria, amor, tranquilidade, paz, felicidade.
Nos sonhos ouve-se, permanentemente, musicalidade...
Nos sonhos, é-se feliz!
Se Daniel Cohn-Bendit gritava, em pleno Maio de 68, “É proibido proibir” eu acrescento... É proibido parar de sonhar!
Até porque, como António Gedeão poetizava, na Pedra Filosofal, “O sonho comanda a vida!”
Mas todos nós achamos que os sonhos não existem...ou, bem lá no fundo, queremos poder duvidar?
Eu...
Eu, acho que ainda é possível sonhar!
in "O Primeiro de Janeiro", a 20/5/2007

6 comentários:

Anónimo disse...

Sabe professor, li com muita atenção a sua crónica. Li e reli. Infelizmente acho que quero acreditar que os sonhos não existem, porque ao longo dos tempos tenho aprendido que tudo o que sonhei não ficou em mim, na minha vida. Rumei a outros caminhos que não sonhei sequer. Sempre ouvi dizer que quanto maior o sonho, maior é a queda, também.
Mas gosto de ver os outros a sonharem.
um beijo enorme e, como sempre, mais uma bela crónica

joana disse...

Estive a ler a sua cronica professor,sonhar faz parte da vida,ajuda-nos a viver,e por vezes conseguimos obter aquela felicidade plena num sonho,porque a realidade nem sempre é colorida,e magoa demais em certas alturas,sonhar faz tão bem...
Professor para si aquele beijinho com carinho e amizade

Pinto disse...

Amigo, se não viste o comentário, ou se viste não disseste nada, passa pelo teu "post" "Pessoa: sempre actual"! Deixei lá um comentário...

Um beijo,
Nuno N. F.

Manuel Damas disse...

Os sonhos têem direito a existir.Desde que lhes demos espaço.Um beijo, Patrícia

Manuel Damas disse...

Obrigado Joana.Um beijo

Manuel Damas disse...

Já lá tens a resposta,Nuno, ainda que curta.Um beijo