quarta-feira, 16 de maio de 2007

PESSOA...SEMPRE ACTUAL!



"Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Valete, Fratres."

Fernando Pessoa, in "Mensagem"

6 comentários:

Anónimo disse...

Conheço bem sim..sempre gostei de Língua Portuguesa...e no 12º ano redescobri, estudei e aprendi muito com este Senhor!

Manuel Damas disse...

É um poema belíssimo.

Cristina disse...

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Todas as cartas de amor são ridiculas - Fernando Pessoa

"Eu gosto é de o ver bem disposto! beijinhos" _ Cristina

Manuel Damas disse...

Não tem razão de queixa, Cristina.Na rádio, mesmo de máscara, estou sempre, oficialmente, bem disposto!:P

Pinto disse...

Ah, meu amigo, como me deleito a ouvir-te brotar dessa boca algo tão encorajador e Belo...
Há muito que não te falava, é verdade. (Tenho tido problemas com a Internet.) Não me esqueci de ti, não!
Como o Mestre o sabia e apontava...o Paradoxo dos paradoxos! E sou e não sou...
Que frágil doçura rompia daquele Pessoa que tornava tudo ao seu redor tão fraco, tão fraquinho e mísero e podre.
Como era delicioso poder palavrar com o Mestre, sentir o seu sentimento sentido de manso desespero por tudo e, igualmente, por nada.
Como ele amava a sua, a nossa pátria como nunca, jamais alguém amará. Com que tristeza ele se alegra quando grita "We know not what tomorrow will bring" para o mundo antes de sua Alma se esvair em flocos de neve cintilantes, esvoaçantes, miraculosamente ínfimos de uma potência desmesurada e perfuradores de crânios e corações...
Como sua Alma está hoje presente entre o Homem, esse "cadáver adiado que procria"...Alma tocante como uma suave e deslizante brisa refrescante que em nossa face esbarra e que tanto conforta meus esternecidos olhos de desilusão pelo mundo que me dão todos os dias da minha Existência.
Fernando António Nogueira Pessoa é "O Homem Celeste", aquele que, louco, nos deu a Loucura tão sã dele e deu-nos com o propósito de chegarmos ao Horizonte que, quanto mais perto de nossa vista nos parece estar mais custa alcançar...mas que, com Fé e não mera Esperança, lá chegaremos e nos iremos felicitar com um sorriso rasgado que tanto irá rasgar esses corpos moribundos que tanto existem e se multiplicam como pães neste mundo de ignomínias...
Estando envolvido neste acesso debate de mim para mim e para ti, meu amigo, apenas me resta salientar um outro aspecto, "O" aspecto deste magnificente "Senhor", como dizes tu, Patrícia. Que dor dorida e dolorosa de pensar Ele tinha...que inconsciência tão lúcida e consciente Ele guardava...que doença Mágica Ele abraçava...
Essa DOR que eu partilho...essa DOR de pensar...e mais não digo, porque me obrigo.

Espero que estejas feliz.
Espero que não leves a mal a minha longa ausência nesta tua casa.
Espero ver-te. Um dia. Na esplanada da "Praia dos Ingleses".

Até lá, um beijo,
Nuno N. Ferreira.

Manuel Damas disse...

Desculpa não ter respondido até agora, Nuno, mas se todos somos "nós e as nossas circunstâncias", também eu assim sou.
Um beijo