domingo, 5 de outubro de 2008

CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO


Está na ordem do dia a discussão, na Assembleia da República, com votação agendada para o próximo dia 10 de Outubro, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, através de dois projectos apresentados, respectivamente, pelo Bloco de Esquerda e pelos Verdes.
Acho esta polémica perfeitamente "contra natura"...
A discussão centra-se no facto de pessoas do mesmo sexo poderem, ou não, casar.
E digo "contra natura" porque a própria Constituição da República Portuguesa impede a discriminação, nomeadamente com base na orientação sexual.
O que se discute não é a alteração da filosofia do casamento.
O que se discute, basicamente, é o direito a duas pessoas serem felizes.
O que se discute é o direito à felicidade e à oficialização da mesma, entre duas pessoas que, por acaso, são do mesmo sexo.
Tão simples como isso...
Mas, mesmo assim, o tema tem gerado controvérsia, porque a Sociedade e a Cultura decidiram ser este um tema fracturante!
Acima de tudo, a posição oficial dos partidos políticos com assento no Parlamento tem revelado controvérsia e desvendado guerras intestinas, principalmente na bancada do partido do Governo.
Depois de acesas discussões, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista acabou por decidir votar contra os dois projectos. Mas fê-lo de forma utópica e ridícula, dando apenas liberdade de voto a um único deputado, o antigo Presidente da Juventude Socialista, com o argumento de este ter lutado vivamente pela aprovação do direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Mais confrangedora foi, ainda, a justificação oficial do PS para a sua decisão...
"Uma questão de oportunidade"!
Uma questão de oportunidade????
Uma questão de oportunidade o direito às pessoas serem felizes???
Uma questão de oportunidade porque houve partidos políticos que decidiram afrontar o "stablishment"?
Quando, ainda por cima, esta questão fez parte do programa eleitoral que o PS apresentou a sufrágio?
Mais oportuno foi o Partido Social Democrata que, declarando ser a posição oficial do Grupo Parlamentar o voto contra, optou por dar liberdade de voto aos seus Deputados.
Acho ridículo que em 2008 ainda se discuta esta questão, como acho ridículo que em 2008 ainda não exista a Educação Sexual nas Escolas, como acho ridículo que a Sociedade, como um todo, de forma anónima, se arrogue o pseudo direito a opinar e a decretar sobre o direito à felicidade individual de cada ser humano.
Até quando?

14 comentários:

navegadora disse...

Esta situação durará enquanto uns se julgarem no direito de decidir a felicidade dos outros. A intolerância, o medo da diferença, o não aceitar que somos todos iguais e que todos procuramos ser felizes leva a que se perpetuem situações de injustiça e de descriminação. O poder politico foi e será para sempre mesquinho pois coloca em primeira instância interesses de um determinado grupo e não o bem estar geral de cada ser humano. Não se faz politica pelo bem comum mas para assegurar o poder dos mais fortes sobre os mais fracos. assim nunca iremos a lado nenhum...será sempre uma sucessão de erros intermináveis e uma luta incansável pelo direito ao amor, ao respeito e à conquista da felicidade. Toda a conquista de liberdade foi e é dolorosa, resta-nos a certeza que há seres humanos persistentes, resistentes e capazes de lutar pelos seus direitos elementares. Obrigada por mais uma vez estar ao lado das ditas "minorias". Um abraço e boa semana

Manuel Damas disse...

Um beijinho grande, "nav" e uma boa semana para si também!

Sandra T disse...

Eu, acima de tudo, acredito que não é necessário oficializar para se ser feliz.
Porém, também acredito que poder optar entre oficializar ou não deve ser direito de todo o ser humano, até porque há questões paralelas, não menos importantes, que têm que ser solucionadas.
Lamentavelmente parece-me que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não vai ser institucionalizado nos próximos tempos, em Portugal. A hipocrisia está instalada o que, desde logo, é demonstrado pelo partido do governo bem como pelo da alternância.
É que se se recusam admitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, inventem outro contrato, outra instituição do género, mas façam-no, de aplicação geral e não descriminatória, claro, que seja efiaz (não apenas o mero reconhecimento da união de facto, que como todos sabemos é teórico, fracassa na sua aplicabilidade) mas façam-no urgentemente!
É que se o problema está em chamar-lhe casamento, isso tem de ser ultrapassado, seja de que maneira for, há é que proteger as pessoas e os laços qu elas criam, por vezes durante a vida inteira.
Cá por mim, casei porque quis e não para procriar recuso-me a ver o casamento dessa forma, mera procriação...
VIVA O AMOR!
1 Beijoca

Pearl disse...

Os homossexuais do nosso Portugal não são menos felizes nem se amam menos pelo facto do Estado de Direito onde nasceram não permitir que a sua "união de facto" seja reconhecida perante as entidades oficiais do país, mas por não lhes ser garantido um direito de facto: o da liberdade... de escolha.

Ricardo disse...

Se a questão é o amor / casamento, então eu coloco outra questão:

Partindo do princípio que é possível amar 2 mulheres ou 2 homens da mesma maneira, porque não um casamento a 3 ou a 4?

Manuel Damas disse...

Estamos de acordo.
Um beijo grande Sandra

Manuel Damas disse...

Concordo plenamente com o direito de escolha, principalmente com o direito a escolher ser feliz, sem tabus, disfarces ou pseudo pudores, impostos pela Sociedade e pela Cultura.
Um beijo grande Pearl

Manuel Damas disse...

Oh Ricardo...quando fala do casamento a tres ou a quatro não percebi se se refere ao casamento hetero ou ao casamento entre pessoas do mesmo sexo?
;)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Um grande abraço

Ricardo disse...

É indiferente.

O que eu quero dizer com isso é o amar não é sinal de "poder-se casar".

Casamento implica que sejam 2 pessoas de sexos diferentes.

Pessoas do mesmo sexo podem ser felizes, de uma maneira aberta, natural. Da mesma maneira que o podem ser 3 pessoas juntamente entre si.

O professor também concebe o casamento entre 3 ou 4 pessoas?

A monogamia também não é imposta pela sociedade?

Abraço

Manuel Damas disse...

Oh Ricardo...descule lá...mas porque raio é que "casamento implica que sejam duas pessoas de sexos diferentes"?...
Porque a Sociedade estipulou, a Cultura assumiu e a Igreja ajudou?
SE assim é, então mude-se a Lei, por uma questão de dignidade!!!
"Pessoas do mesmo sexo podem ser felizes de uma maneira aberta"???
Mas que é isso, homem?!
Toda a gente pode ser feliz, de uma maneira aberta ou fachada!!!
Mas não estamos a falar disso.
Estamos a falar de legalização de uma união!!!
Essa das 3 4 pessoas, foi muito fraquinha Ricardo!
:))))))))))))))))))))))
Um grande abraço!

cj disse...

Olá

Infelizmente a felicidade do ser humano é vista por outros tantos com um sabor a inveja.
Na sociedade actual muita gentinha anda para ai dizer que não se importa de duas pessoas do mesmo sexo se amem. Na realidade isso é pura mentira.
As pessoas preocupação mais com: quem é o homem quem é mulher?, como eles fazem?. E uma frase muito comum. "desde que não se metam comigo". Pelo amor de deus tenham dó.

Quanto aos políticos nada a dizer, pessoalmente já esperava por este resultado. (cobardes)

As campanhas estão a porta e esses senhores e senhoras vão prometer que vão voltar com a proposta. Mas isso são promessas como muitas e claro, uns milhares de votos.

já agora podiam propor uma lei onde os GLBT não poderiam votar, não poderiam pagar impostos, não poderiam criar empresas, não poderiam ser POLÍTICOS.

Um abraço

Manuel Damas disse...

Compreendo a sua revolta.
Um grande abraço CJ...

Jose Pedras disse...

Ola Manuel, dos teus posts escolhi este precisamente por estar em Espanha e por cada vez mais se ridicularizar a mentalidade do "parente pobre" cada vez mais afastado. Em Madrid, quando alguém se digna falar do vizinho português a chacota vem logo por o parlamento ainda estar numa de mentalidade salazarista. Ainda estamos a falar da Pátria, Família e Igreja, quando estamos invadidos por multinacionais, por violência doméstica e por seitas. Não sou contra nem a favor de nenhum destes conceitos, inclusivé da violência. Tenho por pressuposto não ser juiz em causa alheia,não opino sem que me coloquem a questão. Temos profissões distintas mas ambos somos pagos para opinar e fazemo-lo quando nos pedem e pagam (independentemente se isto implica ou não transação monetária). Realmente temos uma sociedade estranha, a sociedade do comando,o poder e das hierarquias. Tem alguma piada porque isto só existe mesmo nas mentalidades mais primitivas. O Homem evoluido não necessita comando: comanda-se a si mesmo e respeita os outros respeitando-se e metendo-se somente nos assuntos que lhe dizem respeito permitindo ao vizinho ser livre. Isto implica ajudar o próximo quando ele necessita e, não quando nós achámos que ele necessita.
É verdade que não é preciso legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A verdade também é que não é necessário que seja legal o casamento entre pessoas do sexo oposto. Agora, por não ser necessário não quer dizer que se não faça. As restrições é que não deveriam lá estar à partid, mas como sempre o Homem parte de burro e só um dia mais tarde chega (quando chega) a cavalo.
Está visto que os dias do cavalo lusitano estão longe não achas?

Manuel Damas disse...

Meu querido José pedras...
É com tristeza que te sei já em Madrid...
Maldito o País que não sabe acarinhar os seus e, principalmente os talentos...
Tenho muita, muita pena.
Mas vamos conversando até porque já são muitos os anos que nos conhecemos.
Um enorme, mas muito grande abraço, revoltado, por gente de quem eu gosto e a quem reconheço valor, se ver obrigada a sair do País em busca de paz, reconhecimento e dignidade.
Sê feliz...e estas obrigado a irmos falando:)))))))))))))))))))))