quarta-feira, 1 de julho de 2009

"DEZ ANOS DE VALORES EM PORTUGAL"


Estive a estudar o inquérito "Dez anos de valores" e, sinceramente, não fiquei espantado com os resultados.
Convém, todavia, não esquecer que este inquérito foi realizado pela Universidade Católica, o que implica idiossincrasias específicas do mesmo inquérito, quer em termos de realização do mesmo, público alvo envolvido e até algum enviesamento nas perguntas e análise das respostas.
Sejamos francos.
Até o título, no que se reporta ao vocábulo "valores", deixa tudo dito...
De qualquer modo, no que refere aos resultados do inquérito...
Estão os portugueses mais individualistas?
Óbvio...resultado dos tempos, das dificuldades, da crise e da própria modernidade.
A aldeia global está, toda ela, mais individualista e os portugueses não são excepção...
Nunca o fomos, não será agora que o seremos.
Já não faz sentido morrer por alguém...diz-se.
E eu tenho que concordar...mas tenho por perigoso daí se poder tirar a ilação de que aumentou o egoísmo "lato sensu".
Ainda que eu conheça casos de egoísmo profundo...
As pessoas estão, na realidade, mais individualistas, mais imediatistas, principalmente fruto dos tempos.
Mas estão menos preconceituosas, diz-se e eu tenho que concordar...ainda que não se possa esquecer, por exemplo, que o português nunca foi verdadeiramente racista, talvez fruto da sua velha ligação de proximidade afectiva a África.
Mas a abertura de mentalidades parece ir mais longe, atingido questões como a orientação sexual.
Tenho que confessar que, fruto da minha experiência profissional, tal facto parece ser real.
Mas ainda há muito para fazer, até porque receio que este "verniz de modernidade" seja, ainda, muito superficial.
Não é por acaso que, aparentemente aceitando os portugueses as homossexualidades, o mesmo já pareça não acontecer no que se refere ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e muito menos no que concerne à adopção de crianças.
Mas o exemplo mais gritante é, mesmo, a minha velha bandeira...o facto de não existir Educação Sexual em Portugal.
Eu sei que, neste caso, outros interesses, vontades escusas e cedências a poderes organizados e fundamente estruturados na Sociedade portuguesa, se levantam, mas enfim.
Na realidade os resultados deste estudo não me espantam.

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