quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

ASSIM COMEÇA O MEU PRÓXIMO LIVRO...


A noite estava escura e negra.
E fria...muito fria!
“Terrivelmente fria”, pensou, enquanto, de forma maquinal, apertava o blusão moderno que vestia. Estava um frio cortante, que arranhava o rosto, atravessava a roupa e entranhava-se na pele, causando dor.
E o frio, associado à solidão, provocava uma mistura asfixiante...
Tentando esquecer a realidade exterior e interior, continuou a passear pela praia vazia.
O mar sempre tinha exercido sobre si uma quase inexplicável atracção. Em frente a ele tinha chorado, sorrido de felicidade, gritado. Em frente ao mar podia desnudar-se, sem necessidade de máscaras, sem fingimentos, sem sorrisos de ocasião e poses de plástico.
Havia quem justificasse a sua incontornável necessidade de proximidade do mar com o facto de ser Aquário.
A esses, Gustavo sorria, de forma enigmática. Sentia-se protegido junto ao mar, acarinhado e sem necessidade de usar as milhentas máscaras que, com o tempo, tinha aprendido a construir e a colocar, consoante o momento e o cenário.
Eram as máscaras, que já faziam parte de si, agarradas, coladas à pele, fundidas com a realidade.
Viver sem elas era praticamente impossível. Eram a sua estratégia, a sua defesa, o seu modo de sobrevivência.

10 comentários:

Casemiro dos Plásticos disse...

Parece bastante interessante.
Eu vi o professor na reportagem do programa 30minutos na rtp1, impecavel!
abraço e boa semana.

Manuel Damas disse...

Muito obrigado, Casemiro.
Um grande abraço e boa semana para o meu querido amigo também.

Menina do Alto da Serra disse...

Ao "passear" pelos seus últimos posts, lembrei-me do fabuloso poema de Álvaro Campos/Fernando Pessoa, "Tabacaria" e das máscaras que se colocam e perigosamente podem "pegar-se ao rosto" (ou à alma).
Fui reler o poema e postei-o em www.emtonsdeazul.blogspot.com
Desejo-lhe boas inspirações Literárias.

liamaral disse...

Continue Professor! Vou ser assidua leitora!
:) beijinho com saudades.

Manuel Damas disse...

Minha querida D.Quixote(ainda que tenha sempre tendência ao ler o nick D.Quixote, que se trate de um homem...estereotipos que a sociedade, a cultura e quejandos também em mim instilaram...)...que eu lhe tenha feito lembrar Pessoa, só mesmo com extraordinário esforço, se poderá aceitar...
Tenho a perfeita noção das minhas limitações, inclusive pseudo literárias. De qualquer modo, um muito obrigado.
Um beijinho grande.

Manuel Damas disse...

Minha querida Lia...este post engana, até porque o tema do romance é uma historia de amor, assim como um percurso de vida extraordinariamente complicado, mas completamente diferente do que seria de esperar, oposto ao que estas primeiras linhas possam induzir mas, acima de tudo, bem distante do que costumo escrever.
Era, todavia, uma ideia que já germinava na minha cabeça há muito tempo e representa uma homenagem, com muito de real e de sofrido, ainda que polémico quanto baste.
Até ao momento não sei se o postarei aqui...Ainda não decidi. Mas o mais certo será não o fazer, principalmente porque defendo que um livro deve ser lido de forma tradicional, ou seja, em suporte de papel...também para que se cumpram rituais.
Um beijinho grande

Sunshine disse...

Fico à espera do livro no formato de papel...também é assim que gosto de um livro.
beijinhos com raios de sol

Manuel Damas disse...

Minha querida CC...ainda que eu esteja a escrever a ritmo de cruzeiro, ainda vai demorar um pouco a sair. Primeiro será publicado o livro de crónicas.
Beijo grande

Anónimo disse...

espero receber um exemplar do livro em mãos:p

Manuel Damas disse...

Minha querida Patrícia...vamos dar tempo ao tempo...
Beijinho grande.