quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SARAMAGO...


"Falo directamente à Secretária de Estado. Deixe o apelido Clinton, que já se parece muito a um casaco coçado e com os cotovelos rotos, recupere o seu apelido, Rodham, que suponho ser de seu pai. Se ele ainda é vivo, já pensou no orgulho que sentiria?"
É desta forma que José Saramago, no seu blog intitulado "O Caderno de Saramago", o Prémio Nobel da Literatura, português, apela a todas as mulheres que em vez de usarem os apelidos dos maridos, cumpram aquilo a que chama "obrigação" ou seja, o dever de, na sua perspectiva, manterem o nome de solteiras.
E Saramago conclui o apelo direccionando-se " a todas as mulheres que consideram que a obrigação de levar o apelido do marido foi e continua a ser uma forma mais, e não a menos importante, de diminuição de identidade pessoal e de acentuar a submissão que sempre se esperou da mulher".
Ao ler isto sorri e pensei "Mais uma saramaguice"...
Na realidade Saramago, visível vítima do aguilhão comunista, mesmo após a queda do Muro de Berlim, não se apercebeu de alguns itens, não de somenos importância, para a questão que decidiu levantar...
Há muitas mulheres que querem, por prazer, por opção, por interesse ou por amor, usar, de forma assumida, o apelido do marido.
Há-as, até, que consideram tal acto, uma forma transparentemente assumida de prova de amor e de acto de homenagem.
Mas esquece, ainda, Saramago, e de forma bem mais grave, que em diversos países, como Portugal, este acto pode ser biunívoco. A lei portuguesa permite que também o homem possa adoptar o apelido da mulher, deitando por terra o tal sentimento de submissão, de asfixia das liberdades individuais da mulher, de manifestação da superioridade social masculina, de réstias sórdidas de um fascismo resiliente...(tudo isto usando, obviamente, um tipo de registo escrito tão caro a Saramago e comprovativo da grelha de argumentação que o comunismo ainda tem em uso e espalhada pelos diversos países a nível mundial).
Além de que este é, pelo menos oficialmente, um acto voluntário e não imposto.
Enfim...
"Quo vadis", Saramago?

4 comentários:

Anónimo disse...

antes de mas boas tardes caro e amigo e caro professor!
ja faz tempo que nao passo por ca
bem em relaçao a este tema
na minha opiniao, as mulheres antigamente usavam o ultimo nome do marido pois eram quase que obrigadas a faze-lo
hoje em dia ja nao se usa o obrigar. cada mulher é livre de o fazer
bem eu imagino que certos pais andam as voltas no tumulo por as filhas porem o nome do marido
agora saramaguices?
bem o sr Saramago por vezes tem ideias um tamto ao quanto esquesitas mas neste caso, calo-me e concordo com ele
um abraço

BlueVelvet disse...

Não gosto nem nunca gostei da personagem.
É parvo e pronto.
Beijinhos

Manuel Damas disse...

É a sua opinião, meu caro lumiere, mas penso que você não leu lenta e pausadamente o post, aliás, como já era seu timbre quando era meu aluno na Faculdade...Lia sempre tudo pela rama!
:))))))))))))))))))
Um grande abraço

Manuel Damas disse...

Um beijinho grande, "blue" e bom fim de semana.