segunda-feira, 19 de março de 2007
ENVELHECIMENTO DEMOGRAFICO
A Espanha será, em 2050, o país mais envelhecido da União Europeia, de acordo com um estudo da EUROSTAT, gabinete europeu de estatística.
Nesta escalada demográfica preocupante, Portugal será o terceiro, com 31,9% de idosos.
O aumento consistente dos idosos pode condicionar, de forma grave, o desenvolvimento financeiro de um País!
E, a isto, o Governo nada diz... nada faz!
Medidas de apoio à natalidade urgem!
Medidas de estimulo à demografia são urgentes!
Mas, este tipo de estratégia, não pactua, por exemplo, com o encerramento de maternidades, medida que afecta principalmente o interior, nomeadamente no Norte.
As entidades governativas esqueceram-se, também, do apoio à interioridade!
Tais medidas são onerosas, é um facto, mas asseguram a dignidade das populações e tentam esbater as desigualdades sociais!
Até quando?
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7 comentários:
Até que alguém trave esse caminho e encete outro mais normal com vista ao verdadeiro desenvolvimento da humanidade enquanto tal.
Beijos
Mais do que o envelhecimento da população, nesta altura, preocupo-me com o abandono, literal, por parte do Governo, às famílias em risco, onde as crianças são em maior número e em maior número a sofrerem maus-tratos. Fico indignada com a legislação, ou melhor, a falta dela, da verdadeira que protege as crianças e jovens em risco.
Bolha mágica com defeito
Contava ela entusiasmada que sentada no sofá, de persianas entreabertas para não entrar o escaldante Sol deste Verão, ouvia os rugidos da «TV» enquanto se deliciava a fazer bolhas de sabão.
De repente, uma das bolas teimava em não estoirar com a quantidade de ar que os pulmões da pequenita de oito anos armazenavam e que a sua boca enviava como se fosse um potente ar condicionado. Mas a bolha crescia, e crescia, e cresceu, cresceu até que a envolveu inteira, como um escudo de super herói.
-Oh mãe, eu estava lá dentro e a bolha voava para onde eu queria. Era eu que a conduzia com os meus pensamentos. Pensava que queria estar num lado e ela …trás, punha-me lá, como na história do Gatos das Botas, sabes?! Como estava com saudades da minha amiga Sandra, desejei isso e fui parar a casa dela, mas não te preocupes porque não tive de atravessar as avenidas porque esta bolha é mágica e eu estava sempre protegida. Quer dizer, era mágica mas com defeito, porque eu via toda a gente e ninguém me via a mim, por isso não podia brincar com ninguém. Andei a «espreitar» os outros.
Mas a casa da Sandra não é como a nossa. Quer dizer, tem quartos, dois, e casa de banho, uma com banheira.
Oh mãe, ela é que faz a cama e prepara o pequeno-almoço, o almoço e o jantar. E não e só para ela, é também para o pai e para a mãe, e tem a minha idade, e a mãe dela deixa que ela mexa no fogão. É perigoso, não é? E sabes, no quarto nem uma Barbie tem. Posso dar-lhe uma das minhas? Posso?! E sabes, não tem tapetes, nem secretária para os livros e para estudar é sempre na cozinha. A mãe dela é diferente de ti, quase nunca lhe fala, não lhe dá beijos de manhã, não lhe escolhe a roupa. Não gostei do pai dela, é feio.
Bateu-lhe porque ela deitou muito sal nos bifes. E obrigou-a a comer tudo, o dele também, e a mãe não a defendeu. A mim ninguém me via, eu queria ajudar mas também não sabia como podia fazer. Se pudesse tinha puxado a Sandra para dentro da bola…, mandei-lhe um beijo e disse que depois a gente falava-se na escola, mas ela não me ouviu. Depois digo-lhe que estive lá…, é melhor não, tenho vergonha de ela ter uns pais assim.
A casa do China é fixe. São todos chineses, só falam em chinês e comem de pauzinhos. Têm uma loja, o meu amigo passou as férias a aprender como é que se vendem coisas. Ainda não fez nenhuns trabalhos de casa porque os pais ficam na loja até muito tarde, e o China fica com eles, acho que ele disse ao pai que não quer estudar, não gosta. Eu às vezes também não gosto. Mas estive lá pouco tempo porque não percebia nada do que se passava, falam sempre em chinês…É difícil entender, se fosse espanhol…
Depois fui a casa do Fernando. Aquele que gosta de mim desde os cinco anos. Agora já sei porque é que ele falta muito à escola, é que a irmã está sempre doente, tem problemas para respirar e a mãe não o pode levar à escola porque o pai não está cá. A sorte é que ele é muito esperto e quando vai à escola consegue perceber tudo o que a professora lhe diz. Mesmo a matemática. Ele quer ser astronauta. Mas não fiquei lá muito tempo, estava sempre com medo que ele me visse. Eu não queria, e já viste se a bolha de repente ficava à mostra? E comigo lá dentro? Depois quem não ia à escola era eu com vergonha. Agora não fiques zangada comigo.
Como nunca me levaste à Escarpa, fui ver o que escondias, mas não volto lá, nunca mais. Há lá crianças que bebem vinho e cerveja, e têm a minha idade. E têm facas e dinheiro, roubam, e fumam. Falam muitas asneiras, mas fazem quase sempre tudo o que querem. Os pais e as mães são maus, principalmente alguns pais, que querem estar com «coisas» com os filhos. Mas não são beijos como os que me dás nem como os que me dá o pai, são diferentes. E fazem coisas que metem nojo e que põem as crianças a chorar. Vi algumas com agulhas.
(a Catarina segredou-me: “fazem sexo, todos!” e chorou ainda em segredo). Quis sair depressa da bolha táxi, quis vir para casa ter contigo, mas não sei o é que aconteceu porque parecia que alguém me levava para cada vez mais longe. Estava escuro, havia muitas árvores, muitos barulhos. Fiquei cheia de medo e gritei que queria ir para casa. Gritei até ficar com dores de garganta. Não conseguia sair. (Catarina mergulhou no silêncio, soluçava enquanto saltavam lágrimas de oito anos)
- Estavas a sonhar princesa. Adormeces-te, está tudo bem, amo-te muito.
Os rasgados olhos de um castanho-escuro profundo abriram-se. Os batimentos cardíacos passaram a «trote»… - Mãe?!
Os rugidos da televisão continuavam, eram os sons das notícias. O último dia para os israelitas deixarem os colonatos, caía outro avião, a fome continua em África, na América há um sacerdote que defende o assassinato do Presidente da Venezuela, Portugal arde, vem aí o novo filme do Harry Potter…
- Quero ir ver, é do Cálice de Fogo, deixas?
Fim da publicidade, continuam as notícias, sessão extraordinária para mais um episódio do julgamento da Casa Pia.
Catarina prestou atenção.
- São homens maus que fizeram sexo com crianças. Mas não estão todos presos, pois não?
(não sei bem o que devo responder)
Chegou o desporto, Catarina gosta de saber das novidades do Porto e do Cristiano Ronaldo. Saiu da sala, foi brincar para o quarto.
Cheirou-lhe a jantar, bifes que tanto gosta.
Apareceu na cozinha com uma Barbie e um Ken.
- Escolhi esta para dar à Sandra.
Um dia a bolha de sabão vai voltar, a bola mágica, mas desta vez tem de lavar a Catarina para um mundo novo. Um mundo que cheire a mar e a terra molhada. Um mundo de fantasia tornada realidade.
- Como achas que devia ser o mundo, princesa?
Sem escarpas. Acho que não devia haver escarpas. Se me saísse o Euromilhões comprava as escarpas do mundo e mandava fazer parques infantis, com lagos, e patos, e outros animais.
- Estás mais calmita? Estavas a ter um pesadelo…
- Queres que te conte?
Sentou-se na pequena cadeira acolchoada que está na cozinha, mas que é da avó. Dobrou as pernitas e sentou-se em cima dos pés, como é de seu hábito. E já no seu escolhido conforto…
- Sabes estava a fazer bolas de sabão…
Não será fácil, tb...Bj
Obrigado pelo conto Maria José, verdadeiramente delicioso e dolorosamente realista...
Medidas de apoio à natalidade? Tenho visto o contrário!
Estimulo à demografia?
Estamos é todos sem paciência para tanta ignorância!!!
No entanto este é o Governo socialista que mais marcas tem deixado no país ... palavras do sr. 1º ministro. Tenho pena que sejam marcas tão negativas!!!
Concordo consigo Cristina.Este é dos governos que mais tem marcado o País...pela negativa!!!
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