CARNAVAL 2008

Obviamente, tenho que começar por algum lado.
Quando se pretende iniciar uma tarefa, por algum lado se há-de iniciar.
Assim sendo, começo pelos pés.

Sapatos pretos, de fivela dourada ao centro e uma aplicação com uma pedra vermelha em cada um.
Subindo...
Collants brancos, baços. (quem inventou os collants, devia ser trucidado vivo. Praguejei e vituperei o autor do invento e respectiva família, recuando até à 10ª geração para trás! Que guerra travei com os malditos, que me ia provocando uma apoplexia!)
Calções de balão, em veludo castanho-ocre, debruados a aplicações em "fio de ouro velho".
Casaco tipo jaqueta, curto, fechado à frente, com mangas de balão e decote redondo, solto, também em veludo castanho-ocre, igualmente todo debruado à frente, na gola, nas mangas e nos punhos a dourado.
Casaco comprido, solto, de veludo preto, de largas mangas de balão curtas, acima dos cotovelos, com uma enorme gola de bicos, também ele todo e ricamente debruado na gola, nas mangas e ao comprimento de todo o casaco, em dourado.
Luvas brancas, com um enorme anel de pedra azul no dedo mínimo da mão esquerda e um outro idêntico, em pedras brancas, em forma de coroa, no dedo mínimo da mão direita.
Por dentro da jaqueta uma camisa branca, de gala, de cantos quebrados, envolta numa echarpe de seda branca, rente ao pescoço e coroada por um broche branco, igual a um outro, este último maior, que brilha, fulgurante, na aba esquerda do longo casaco-capa.
No rosto, base branca.
Baton castanho dourado e o inevitável sinal preto no canto esquerdo do lábio superior.
Peruca branca, à época, longa, presa com um grande laço de veludo preto.
Máscara veneziana, meio rosto, em tons de dourado e rodeada de enormes plumas castanhas que rodeiam e envolvem o rosto.
Detalhes estudados e cumpridos à risca.

"Passou-se", pensarão uns.
"Mas o que é isto?", interrogar-se-ão outros.
Meus queridos amigos e amigas.
Tão só e apenas a descrição detalhada do traje que usei ontem.
"E depois...Para que queria eu saber isto?"
Tão só e apenas porque este blog também é pedagógico!
E se lerem atentamente o meu curriculo, perceberão que não sou um saco de futilidade.
Mas que adoro divertir-me.
E pedagogicamente é preciso destruir o preconceito tão português de que quem se dedica às "artes da mente" tem que ser cinzento, obscenamente maçador.
Nada disso.
É mais um estereótipo que urge destruir!
O facto de gostar de me mascarar não tem o direito de colocar em dúvida o meu percurso académico ou profissional e nem sequer a minha validade científica ou credibilidade médica!!!!
O mesmo acontece com o conceito que por aí grassa de que cientista tem que vestir mal e com mau gosto!!!!
Porquê????
A inteligência e a competência não se verificam pela maneira de vestir nem uma pessoa se credibiliza ou não, por gostar de vestir bem ou com marcas mais ou menos conhecidas, mais ou menos de design ou de estilista conceituado.
Foi esta a razão major da descrição provocantemente pormenorizada.
Pois...
Faltaram as fotografias...
Tirei, mas ficaram todas estragadas.
Eu sei...
Uma falha lamentável!
De qualquer modo será uma nova oportunidade para tornar a fazer pedagogia em 2009.