quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

RECEITAS MÉDICAS...


São aos milhares!
Até eu próprio já fui vítima!
Desde que o Ministério da Saúde contratou uma empresa privada, a Confact, para conferir o receituário médico, o problema agravou-se de forma dramática.
Falo das receitas devolvidas pelos serviços centrais às diversas farmácias nacionais e, em consequência, aos utentes.
Ao longo dos anos, a verificação do correcto preenchimento do receituário médico era efectuada nas Administrações Regionais de Saúde. E, logicamente que não estou a falar da medicação e respectiva posologia, mas do preenchimento burocrático da receita.
Com o tempo, os respectivos funcionários foram-se habituando a contemporizar com erros frutos visíveis de diversos condicionantes específicos e, alguns mesmo, próprios de épocas específicas.
Recordo, por exemplo que no início de cada ano há a tendência, quase inata, de ainda datar com o ano anterior o que implica, obviamente, uma imediata correcção e, em consequência, uma rasura.
Pode ainda o número de utente não vir escrito com a mesma letra...significa que quando o doente foi à consulta não trazia o cartão de utente e, como tal, o médico, com o intuito de facilitar, passou a receita, permitindo, e na minha perspectiva, de forma perfeitamente lógica e humanizada, que o paciente, quando chegasse a casa, acrescentasse, pelo seu próprio punho, o dito número.
É uma questão de não querer complicar ao vida aos doentes, nesta época tão atribulada. Ao fim e ao cabo é apenas um número de identificação e, aviso antecipadamente, vou continuar a fazê-lo e não será nenhum governante, mais novo ou mais velho, mais socialista ou menos, mais da Covilhã ou do Porto, que me irá impedir de ser solidário com o acto de estar doente!
Até porque desde que regressei dos EUA que não faço Saúde Estatal...
Até porque não estamos a falar de assinar receitas, quais plantas de construcção, por outros...isso sim corrupção de alto nível.
Apenas falo de um número que se acrescenta ao chegar a casa, porque na precipitação o doente se esqueceu do referido cartão!
Até porque eu não estou médico...eu sou médico e há 20 anos!
Mas continuemos...
Ou até a especialidade médica não vir escrita por extenso!
Pois são destes exemplos de rasuras, de "lana caprina", que têm sido os motivos para estarem a ser devolvidas receitas, aos milhares, a uma velocidade dantesca, entupindo todo o sistema, causando inúmeras dificuldades e complicações aos utentes e aos profissionais de saúde, fruto de um suposto profissionalismo, acéfalo, estúpido e cego, incompreensivo, quase animal.
Alguém diria..."O socialismo no seu melhor!"...
E, a isto, os responsáveis nada dizem!
Há quem sugira que por detrás de tudo isto estão inconfessáveis questões financeiras até porque, muitas vezes, é o próprio utente que decide abdicar da comparticipação e pagar a totalidade do custo dos medicamentos, evitando o moroso ritual de voltar a iniciar todo o processo.
Acresce o facto de que se a receita tiver sido emitida num qualquer serviço de urgência é praticamente impossível ou, pelo menos, de extraordinária dificuldade, conseguir voltar a encontrar o clínico em questão, tendo em conta a rotatividade dos escalonamentos.
E, nos últimos meses, foram devolvidas 50 mil receitas!
A isto eu chamo demoníaco!

12 comentários:

Suzana lux disse...

Olá Sr. Professor, muito obrigada por ter espreitado o cantinho das minhas emoções, e desculpe só agora agradecer...

O comentário que fiz no seu post é todo ele verdade e de todo o coração, acredite, só me sai o que sinto.
Tenho é muita pena de não ter visto o programa, mas agradeço o miminho.

Mesmo que não comente, conte sempre com a minha passagem por aqui, mesmo atrasada leio tudinho...

Fico triste pela saude do meu país, mas é aqui que encontro mais uma razão para não me arrepender de ter saído, quem sabe não crie um outro Blog o "comparações", pois os Portugueses nem iriam acreditar no Luxo que é a saude aqui no Lux...

Beijinhos aos kms, até breve...
;o)))))))

Coragem disse...

Infelizmente, sei por experiência propria a dramatica situação das receitas que aqui refere, pagando imensas vezes do meu bolso o medicamento por inteiro abdicando da comparticipação. Até porque isso envolvia estar mais meia duzia de dias sem o poder tomar.
Isto, se não se lembrarem de não o aviar, por ser um medicamento que exige receita.
Outra situação no minimo "engraçada" e para que as receitas não sejam devolvidas, é o facto de o médico, por lapso ou outro motivo, não mencionar a que tipo de embalagem se refere o medicamento, se grande, pequena, assim-assim. As farmácias imediatamente nos vendem a embalagem pequena, sem explicação do motivo.
Enfim, mais uma daquelas coisas, que comemos e calamos, caso para dizer "que remédio"
Beijinho

Waldorf disse...

Exorcizante!!!
Chamem um padre!!!!!

liamaral disse...

A saúde precisa urgentemente de um médico! Acho que todos estamos de acordo! Beijinho!

Pearl disse...

Eu e os maus médicos não nos damos nada bem. E são muitos, diga-se. Sempre que necessário, lá recorro aos serviços privados porque tenho garantia de que sou atendida e ainda há tempo para chá e torradas, que é assim uma forma de dizer que vamos pondo a conversa em dia.
Mas, alturas há, em que o destino (e as minhas contribuições mensais para a Segurança Social)me conduzem para os serviços públicos. Como não tenho médico de família, sugerem-me uma consulta de urgência com o dito de serviço. Azar o meu, sei disso, apanhar sempre a mesma criatura que me ouve como quem vai a correr depois da última chamada para entrar no avião, e que independentemente da queixa, me prescreve SEMPRE corticóides. Exames para confirmar isto ou aquilo? Tenho de marcar consulta, porque nas de urgência não pode prescrever seja o que for. À excepção de corticoides, acrescento eu. Da última vez, até se justificava a prescrição porque numa semana manifestei 3 reacções alérgicas diferentes. O que não se compreende é que para marcação, a consulta mais rápida possa ser apenas dali a dois meses, altura em que tenho expectativa de não ter alergia alguma.
Agradeço, mas digo que não. Saio porta fora e abandono no recipiente de lixo mais próximo a prescrição (de corticoides) e dirijo-me ao privado onde me prescrevem os exames que me deveriam ter sido prescritos, com a indicação de que no dia seguinte vá ao centro de saúde que ele (o médico do privado) me passa os papelinhos para fazer os exames comparticipados.
Claro que já conheci óptimos médicos nos serviços públicos. Ele há carniceiros em todas as profissões. Não percebo é a paranoia dos papelinhos num governo que criou o simplex e recuso-me a aceitar que os papelinhos sejam, em questões de saúde, mais importantes que as pessoas.
Porque o que gostava de ver esclarecido e a letras garrafais à entrada das unidades de saúde, usando para isso todos os papelinhos disponíveis, eram os parâmetros de avaliação de desempenho dos médicos nos serviços públicos.

Olá!! disse...

Há de tudo em todo o lado, tenho a sorte de ter um excelente médico de familia que me acompanha há 20 anos, raramente me vê, felizmente hahaha
É urgente reformular tanta coisa neste País, mas tantaaaaaaaaaa
Beijinho Professor

Manuel Damas disse...

Um grande beijinho e vá dando notícias, suzana...

Manuel Damas disse...

Oh coragem...muitos não referem se querem a embalagem grande ou pequena porque nem sempre sabem se existe a pequena ou a grande. Nem têm que saber...especificamente à velocidade que os mesmos tamanhos entram e saem do mercado...

Manuel Damas disse...

Não acredito em exorcismos, docas...senão...acho que já não existias!

Manuel Damas disse...

Concordo, lia...

Manuel Damas disse...

Pearl...eu que não faço serviço público, digo que a culpa quase nunca é dos profissionais. Porque não podem pedir exames porque estão sujeitos a um apertado contigente, porque nem sequer têm uma sala para conversar com os pacientes, porque fazem demasiadas horas seguidas de serviço que não podem recusar, porque têm que ver um sem número, infindo de doentes, porque há anos que não recebem as horas extraordinárias que tiveram que fazer por obrigação dos serviços...e mais não digo.
A realidade do médico do SNS é vergonhosa!

Manuel Damas disse...

Demasiada, "olazinha"...demasiada!