segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A VIDA EM RELAÇÃO...


Alguém, amigo, chamou-me à atenção, concordando, o facto de eu ter dito no meu último programa de TV qualquer coisa como "Um dos grandes erros numa relação é o facto de tentarmos moldar quem está connosco à nossa imagem e semelhança, anulando-lhe a personalidade".
Disse-o e assumo-o.
Na realidade é uma estratégia que surge, habitualmente de forma involuntária.
Mas é um erro, um enorme erro.
Tentar moldar a pessoa que está junto de nós, à nossa imagem e semelhança, travesti-la da forma como gostaríamos que ela fosse.
E é um enorme erro porque não somos "deuses e senhores de ninguém"!
E é ainda um erro porque isso implicaria a anulação da personalidade do outro, facto que, a acontecer, gera enormes facturas que, mais tarde serão apresentadas, irremediavelmente.
Dessa forma a relação será sempre a prazo porque alguém se anulou, em termos de gostos, de opções, de maneira de pensar, de forma de ser e estar.
E tem toda a lógica que assim aconteça.
Houve uma submissão, mais ou menos imposta, asfixiante que, mais tarde ou mais cedo irá resultar num rebentamento do vulcão que ajudámos ou que impusemos que se criasse!
Claro está que esta tentativa é sempre menos ansiógena, porque gera menos conflitos e torna-se, de forma perigosa, aparentemente pacífica e tentadora.
Óbviamente que seria a situação mais comodista para quem está em relação.
Mas é demasiado perigoso para a sobrevivência do acto de estar e ser a dois, que se pretende sem prazo, sem "dead line"!
Deveríamos pensar nisto cada vez que nos tentamos envolver numa relação...mas, para isso, teríamos que ser perfeitos e o ser humano nunca será perfeito!

10 comentários:

bisturi disse...

Caro amigo "guru da sexologia":
Estou de acordo com a sua crónica.
Até acrescentaria que nas relações mais estáveis e duráveis a moldagem até se dá nos traços fisionómicos.
Tal marido...tal mulher!
Claro que com as relações KLENNEX ou descartáveis de hoje em dia , isso nunca se verá...
O tema que aborda é clássico para os psiquiatras inclinados para os temas de sexologia ..
Abraço e boa semana

Manuel Damas disse...

Bem...
Andamos em grande consonância nos últimos tempos...o que me faz recear!
:))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Um grande abraço

Zé Ninguém disse...

Let's agree to desagree.
Se bem é um fcato que ocorrem mudanças quando as duas identidades passam a ser as partes de uma outra identidade comum, nao creio que obrigatóriamente uma tenha que ceder terreno em relaçao à oposta.
Aprendi isto de acordo com o antigo método científico de dar com a cabeça contra a parede até me deixar destes disparates. ë certo que em alguma relaçao anterior me deixei anular pela facçao contraria, e que no inicio da minha actual relaçao pensava poder mudar certos aspectos da pessoa com quem estou, mas congratulo-me de ter chegado à conclusao de que essas mudanças ocorrem de maneira natural e espontanea, e que vivo mais feliz desde o dia em que aprendi a amar também esses aspectos de que nao gostava.
Afinal de contas, esse é o verdadeiro amor incondicional, ou nao será assim???
Abeijos

Sandra T disse...

Lembrei-me agora de uma sábia amiga que um dia, a propósito de discussão semelhante me disse: "a grande diferença está em saberes se a outra pessoa te ama como és, ou te ama por seres assim". Deixou-me que pensar...
Beijoca

ebrexock disse...

Fatima mt se tem falado de relaçoes humanas !!! Tema fulcral para quem esta a viver em sociedade !!! Diga me : Para quando um tema ligado ás relaçoes sentimentais á distancia no seu programa ou ate aqui no blogue ? Ja li algumas coisas mas era interessante nao acha ? Cumprimentos
Pedro

Manuel Damas disse...

O sublime é isso mesmo...aprender a amar aqueles aspectos que menos gostamos em outrém!
Abreijo, meu querido Gundemarus

Manuel Damas disse...

Uma belíssima e quase maquiavélica pergunta, Sandra.
Beijinho grande

Manuel Damas disse...

Oh Pedro...é uma boa sugestão...ainda que eu seja céptico em relação às relações à distância.
Poderá, perfeitamente, ser um tema para um próximo programa(ainda que os próximos dois já estejam perfeitamente definidos...).
Um grande abraço

Zé Ninguém disse...

"aprender a amar"... Óh meu amigo, nem parece teu!
Descubrir que afinal se amam esses detalhes, isso sim é sublime. Vem de dentro...
Quanto ao tema sugerido, parece-me um tema muito interessante, e mais uma vez é um tema no qual sou experimentado.
Ai que vida tao vivida a minha!...
Qualquer um diz a idade que tenho, nao é, amigo?
Abreijo

Manuel Damas disse...

Meu querido Gundemarus...continuo a dizer-te que em qualquer relação ou em qualquer momento de uma mesma relação é possível aprender a amar, seja a globalidade, sejam os detalhes, sejam as memórias da caminhada, sejam os detalhes do percurso...
:D