domingo, 22 de fevereiro de 2009

DURA REALIDADE


Trabalho em Afectos há vinte anos.
Já encetei ou pelo menos tentei iniciar várias relações.
Hoje, passado tanto tempo, continua a bailar dentro da minha cabeça a irrequieta pergunta...
"Porque será tão difícil amar?"
Ter uma relação, saber construi-la e mantê-la deveria ser coisa fácil de construir...não é a paz, a tranquilidade, o amor, a estima, a felicidade, que se procuram? Não é a tentativa de encontrar a felicidade que nos move?
Então porquê as dificuldades?
Porquê os problemas, tantas vezes suados, tantas e tantas vezes tirados a ferros?
Talvez pela dificuldade que existe na cedência de espaço, na negociação, na adaptação a uma outra pessoa e a outra realidade, talvez no ter que partilhar, talvez mesmo na tentativa de moldagem que todos fazemos, mais ou menos assumidamente...
Juntar duas realidades, dois tipos de personalidade, dois géneros de gostos, é difícil, é tarefa dantesca...
Um grande amigo meu costumava dizer que, nas relações, o difícil é mesmo "juntar as cuequinhas"...
Sempre achei uma frase simpática e pouco mais.
Mas, periodicamente, esta frase ocorre-me e, cada vez, lhe dou mais e mais importância.
Na realidade o "juntar as cuequinhas", o viver em conjunto, o acordar, sem máscaras, ao lado de outrém, o revelar a mais profunda intimidade... aí não há subterfúgios, esquemas ou fugas. É a realidade, nua e crua, exposta, desnuda...
A realidade está ali, inalienável, a contemplar-nos.
Já o disse acima..trabalho na área dos afectos há vinte anos.
Depois de todo este tempo passado/gasto ainda não consegui descobrir a receita mágica, o mapa para felicidade...

14 comentários:

celeste disse...

Também ainda não encontrei a "dita" receita Dr. Damas! E desculpe-me o desabafo: partilho a minha vida (ou melhor dizendo o meu espaço) com uma pessoa e sinto-me só, terrivelmente só:(
Beijinhos.

Manuel Damas disse...

Aí a situação é bem mais complicada, minha querida amiga...ja fizemos um programa sobre isso...o viver com alguém e a solidão ser ainda maior do que vivendo sozinho...é a solidão no meio da multidão.
E não peça desculpa...este meu blog serve também para desabafos...especialmente dos amigos. Um beijo enorme, solidário.

Justified disse...

Não existe receita mágica. O que existe sao pessoas diferentes de nós. O único trabalho é encontrar aquela que é compativel. Não acredito que haja uma formula mágica em que duas pessoas incompativeis se irão tornar mágicamente atraidas e inseparáveis (será ai que entra a dificuldade em juntar a cuequinha). Sem parecer estupido, quando é a pessoa certa nc se vai pensar no "Amor" ou xama-lhe como quiseres como um "trabalho"... será simplesmente viver, será a coisa mais simples e fácil. Existem relaçoes mais longas doque outras, contudo o que as define é o tempo em que cada uma dessas pessoas é compativel com a outra, a magia está em tirar o máximo de partido desses momentos. viver a vida de forma simples e saber quais as peças que nos "faltam" (pk nao acredito que hajam pessoas completas) torna mais fácil a "procura" das restantes peças que vao definir a pessoa que nos vai completar :)

ebrexock disse...

Nao ha receita Mestre ... nem ha uma felicidade suprema ... ser feliz é utopico ... momentaneo !! E ng esta feliz em todos os niveis ... felicidade e felicidades sao momentos !!! Tantos anos e ainda nao chegou la Ai :)
Oupa ... bom Carnaval a todos ... mascaras em cima de mascaras ... divirtam se ... Top

Fá menor disse...

E, no entanto, amar é só isso: dar-se...

Bruno Romão disse...

Boa noite Prof. infelizmente partilho da opinião de Justified. Não acredito que duas pessoas incompatíveis por milagre tenham uma relação que a longo prazo perdure, como já o referi num post anterior, não servindo de desculpa para que não se tente. O Prof. refere que "...o acordar, sem máscaras..." julgo que muito passa por aqui. Infelizmente uma das minhas frustrações actuais que me conduzem a um desânimo genrealizado pelo qual estou a passar é precisamente este, o facto das pessoas inclusivamente para si próprias colocarem máscaras, e, se para si mesmas as colocam, como poderão ser verdadeiras para com quer que seja? Recordo-me do que o meu avô dizia acerca de uma determinada pessoa que era, "é tão mentiroso que acredita nas suas próprias mentiras" infelizmente vejo esta realidade cada vez mais propagada socialmente, como se de uma pandemia se tratasse. Vejo pessoas que diariamente colocam máscaras que uma vez que já ninguem acredita nas mesmas, e elas têm consciência do mesmo, só posso concluir que se trata de se enganarem a si mesmas e assumirem um papel e uma imagem que lhes agrada ao Ego. Julgo que passa muito por isto, pela cada vez maior dificuldade em assumir-mo-nos como somos, reconhecermos os nossos defeitos sem problemas, e não desejar-mos fechar os mesmos no baú para nunca mais termos que os ver. A partir daqui está lançada a pedra para nunca nos mostrarmos completamente "ao nosso par de cuequinhas" e viver-se uma relação de farsa e infelicidade. Mapas, fórmulas infelizmente não há mas acredito que quando somos honestos a 100% tudo fica mais fácil e transparente pois assumimos claramente que queremos partilhar isto, negociar aquilo, ceder no outro, e não aceitar algo, sem problemas e sem "fazer a vontade" a alguem, o que irá sempre fazer mais cedo ou mais tarde surgir o nosso egoísmo que nos diz que não estamos bem e que não desejamos aquela relação pois a mesma não nos traz felicidade derivado de por vezes um acomular de anos de farsa.

Manuel Damas disse...

Meu caro Justified...acho que está a linearizar demasiado as coisas...:)))))
Quantas vezes surge uma peça que não tem nada a ver com o nosso puzzle e é por nos a escolhida?
:))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Abreijo

Manuel Damas disse...

Meu querido Pedro...o que escrevi não quer dizer que não o saiba...
:)))))))))))))))))))))))))))))
Estão lá muitos recados e muitas mensagens subliminares....
Um grande abraço

Manuel Damas disse...

Pois...e o problema é esse mesmo Fá...o acto da dádiva, que é sempre doloroso e depois o acto de receber...mais problemático se torna quando não recebemos o que queriamos ou quando recebemos bem mais do que desejávamos.
Um beijinho grande

Manuel Damas disse...

Meu caro Bruno...por vezes as máscaras fundem-se com a própria pele e é praticamente impossível conseguir arrancá-las...
Quanto à impossibilidade de se conseguir unir peças imponderáveis, permita-me que discorde.
Como dizia o poeta " o amor tem razões que a razão desconhece".
Continue a aparecer por aqui e a palavrar como só você sabe. É um enorme prazer lê-lo e tentar argumentar consigo!

Justified disse...

Claro que estou a lienarizar. O amor nao é de todo algo complicado, é tao fácil e simples como o respirar, tenhamos as máscaras que quisermos... Aquela pessoa que se encaixa consegue despir-nos totalmente de toda e qualquer mentira/máscara que possamos inventar/vestir. Quanto à peça que nao tem nada a ver com o Puzzle? apenas digo, O fruto proibido é o mais desejado, pergunto sim se ele é o necessário e correcto? não! De qualquer das maneiras falo da minha curta experiencia... :)) Afinal de contas sou ainda um jovem com 23 anos e a minha experiencia vale ainda de uma relação de 5 anos (que infelizmente já terminou). Mas enfim, sou um apaixonado e nao me canso de acreditar, tento é ao maximo simplificar essa parte para me facilitar a vida, uma vez que ela já é dificil por sí e nao necessito de algo mais a complica-la!
Abracito! :)

Manuel Damas disse...

eu caro justified...desculpe mas não concordo consigo de todo!!!!
:)))))))))))))))))))
Já amei muitas vezes, confesso e posso dizer-mlhe que nenhuma das vezes foi linear.
Bem pelo contrário.
Na maior das vezes foi um processo complicado, de discussão, de partilha, de dádiva, de paixão mas, sempre, de negociação quase nunca linear ou pacifica.
Mas essa é a minha opinião.
E não me venha com a sua pouca idade que eu respondo-lhe, quiça, com os defeitos, os vícios de percurso e os hábitos que mais idade implicam.
Assim sendo, quem quiser que escolha!
:)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

Sunshine disse...

Relações? Tive uma. Acreditava no amor eterno e que aquela era a RELAÇÃO. Com aquela pessoa passaria o resto dos meus dias: seríamos capazes de lidar com a rotina, ultrapassaríamos crises, educaríamos os nossos filhos, preocupar-nos-íamos em conjunto com eles, veríamos as rugas e os cabelos brancos um do outro surgirem...tudo porque nos amávamos e o amor "move montanhas". E durante muitos anos, 17, era isso que sentíamos os dois.Mas a dura realidade é que tudo acabou: assisti ao desmoronar lento e corrosivo do que tínhamos construído e tudo o que fiz não foi capaz de impedir o fim da nossa relação. Do final ficou a frase: "Estou à procura da minha felicidade." Esta frase leva-me a pensar: será que a felicidade está em mudar quando surgem as dificuldades ou em fazer perdurar aquilo que é bom? Sim, porque acredito que a felicidade não é ausência de problemas.
beijinhos com raios de sol

Manuel Damas disse...

"a felicidade está em mudar quando surgem as dificuldades ou em fazer perdurar aquilo que é bom?"
Minha querida CC...
Essa é a pergunta que todos fazemos quando, em relação, as coisas começam a correr menos bem.
A isso apenas posso responder que concordo com a luta pela manutenção de uma relação, desde que seja boa para ambos os lados.
Sabe...nós seres humanos, nem sempre conseguimos ser imparciais na análise de uma situação, nomeadamente quando se refere a nós próprios e, especificamente, quando se refere a Afectos.
SE uma parte acha que aquela relação já não o satisfaz, então o melhor é mesmo terminar as coisas, por mais que doa.
Muito haveria, ainda, para dizer, mas pense no que lhe digo.
Viva e deixe viver!
Um beijinho grande.