
António Borges esteve até Fevereiro, na vice-presidência da Glodman Sachs, um dos maiores bancos mundiais de investimento.
Logicamente que até então, pelo exercício das suas funções profissionais, se encontrava inibido de ter demasiada visibilidade e, principalmente, de denunciar factos e querelas públicos e mesmo querrilha de bastidores.
Abandonado o lugar, vem agora revelar que no dia a seguir ao encerramento do Congresso do PSD de 2005, foi chamado ao gabinete do Ministro da Economia, Manuel Pinho, para lhe ser comunicado que "todos os contratos do Governo com a Goldman Sachs estavam cancelados".
Logicamente que o sucedido se prendia com as críticas oficiais por si produzidas nos diversos discursos proferidos no decorrer do Congresso do PSD, em defesa natural da moção por si apresentada.
Até ontem seria impensável pensar-se que um governo, fosse ele qual fosse, se atrevesse a beneficiar ou prejudicar uma qualquer empresa em virtude das opiniões políticas dos seus colaboradores ou altos quadros...
Mas, pelo desenrolar da questão, afinal não seria tão altamente improvável...
Na sequência das declarações prestadas por Borges, Manuel Pinho, Ministro da Economia e directamente acusado deu uma imagem ao País da falta de qualidade, de ética, de deontologia e de educação que este Governo vem cada vez mais demonstrando ao mais alto nível...
"Honestamente não me recordo..."
Como é tal possível?
Um Ministro de um qualquer Governo, mesmo português, mesmo socialista, não pode dizer que não se recorda!
O próprio ministro sentiu que o que estava a dizer não tinha consistência e, no minuto seguinte, tentou "emendar a mão" negando a existência de qualquer contrato prévio e, em sequência, de qualquer quebra do mesmo.
Isto tudo numa roda viva de atoardas lamentáveis mas manifestadoras, inclusivé, de algum cinismo.
Logo depois Pinho passa à ameaça e à crítica implícitas quando diz ter dos banqueiros uma imagem de "pessoas reservadas"...
Banqueiros reservados?
Por isso nos ultimos tempos alguns implodiram de reserva e/ou se demitiram ou foram aconselhados à demissão...
Teixeira Pinto, Jardim Gonçalves, Oliveria e Costa...
Chega?
Logicamente que o que se passou é verdade, todos o sabemos, mesmo não tendo estado naquele Gabinete, na data aprazada.
Mas também todos sabemos que com a voracidade dos tempos que passam, a informação que hoje ganha as luzes da ribalta amanhã passa ao esquecimento e dentro de dias deixará de existir e de ter qualquer tipo de consequência.
Mas as coisas não podem continuar assim!
Onde pára a Ética?
Porque não sou da cor do regime sou excluido, marginalizado, lançado ao esquecimento?
E a validade?
E a credibilidade?
E a competência?
Ou vamos para uma era em que apenas a identidade ideológica e de pensamento contam, a mesma identificação clubística e o compadrio de uma qualquer Mafia?
Não pode ser!
Enquanto português não o aceito!
É preciso ética na vida pública!
É preciso respeito!
É preciso decência!
Este País não se vai tornar, pela mão dos socretinos de triste figura, uma qualquer selva!
Custe o que custar, não vai!