CRISTIANO RONALDO

O jornal inglês "The Sun" revelou que Cristiano Ronaldo terá organizado uma orgia com cinco prostitutas, para comemorar a vitória do Manchester United sobre o Tottenham.
Ainda segundo o mesmo jornal, Ronaldo estaria acompanhado de Nani e Anderson.
Sendo Cristiano Ronaldo uma figura do desporto que aprecio acho que algum decoro lhe ficaria bem e seria adequado, nomeadamente para um ídolo das multidões.
Até porque são diversas as histórias de cariz sexual, inclusive no campo da orientação, que envolvem Cristiano Ronaldo, pelo que seria adequada alguma sensatez.
Precisamente por isso, aqui recupero uma crónica que sobre este mesmo tema escrevi e publiquei, já em 2006...

"Há algum tempo, no decurso de um jogo internacional de futebol, as televisões mostraram Cristiano Ronaldo, um icon da juventude mundial a exibir, numa demonstração de anti-desportivismo e falta de respeito, um gesto obsceno para o público.
Essa imagem correu mundo, fez-me recuar no tempo e reviver a enorme polémica que então, Vicente Jorge Silva, à altura Director do jornal “Público” despoletou, com um Editorial em que apelidava a juventude de “geração rasca”, por causa de uma manifestação de estudantes contra a Ministra da Educação, nessa época Manuela Ferreira Leite e os diversos comportamentos e atitudes reprováveis que então foram exibidos.
Nessa altura fui dos que, em público, zurzi violentamente o então Director do “Público”, repudiando veementemente todo o Editorial, os epítetos aí aduzidos e o conceito que transparecia, de que a juventude seria “rasca”.
Continuo a subscrever tudo o que, então, escrevi e afirmei.
Todavia, anos depois, por causa de uma estúpida, infantil e mal educada atitude de um jogador, o episódio retornou à minha mente.
Não é Cristiano Ronaldo, enquanto jovem pretensamente anónimo, que me importa analisar. Mas sim a atitude e o comportamento do ídolo de milhões de jovens desta aldeia global .
Desculpabilizar seria possível, alegadamente tendo em conta a infância e adolescência complicadas de que foi vítima, ainda por cima proveniente de família de parcos recursos económicos. Poderia ainda justificar-se pelo facto de ser um jovem que cresceu, evoluiu e se tornou uma figura pública à custa do seu próprio esforço e, talvez mesmo, atravessando agruras que outros, certamente, não experimentaram.
Todavia, a evolução efectuou-se e, tal como a performance do futebolista se foi aprimorando, reconheço-o sem qualquer hesitação, transformando-o num dos mais brilhantes e promissores futebolistas da sua geração a nível mundial, também seria mandatório que idêntica maturação em termos comportamentais e educacionais se tivesse verificado.
Até porque este tipo de comportamentos, no mínimo desadequados, deixa antever a possibilidade de repetição em outras áreas, nomeadamente no que concerne aos afectos.
E aí, mais grave se torna, primeiro enquanto ser humano e como tal, racional e obrigado a normas de vida em sociedade e em relação e, depois, enquanto figura pública, que milhares e milhares de jovens, de diversas origens, idolatram, ansiando por imitar e copiar.
Ainda mais censurável se torna quando proveniente de quem, enquanto desportista profissional, deveria partilhar e seguir os princípios do barão Pierre de Coubertin que na sua Carta Olímpica, sempre actual, escreve “ O Olimpismo é uma filosofia de vida, exaltando e combinando num conjunto equilibrado as qualidades do corpo, da vontade e do espírito. Aliando o desporto à cultura e à educação, o Olimpismo quer-se criador de um estilo de vida baseado na alegria durante o esforço, no valor educativo do bom exemplo e no respeito dos princípios éticos fundamentais universais”.
Era isto que pensava, defendia e pretendia o pai da prática desportiva moderna...e os ideais mantém-se, pelos vistos cada vez mais actuais.
E aqui é que Cristiano Ronaldo falha clamorosamente, em termos de ética e deontologia profissionais.
E não me digam que se tratou de um momento ansiógeno, de verdadeira e exacerbada tensão emocional porque, desse modo, com este tipo de alegações, estaremos a abrir as portas a todo o tipo de desculpabilizações para atitudes erradas ou criticáveis em momentos de stress.
Até porque, Cristiano Ronaldo é um ídolo da juventude, talvez merecidamente, se mais não for, pelos muitos momentos e alegrias que tem vindo a proporcionar aos adeptos do desporto em geral e do futebol em particular.
Mas, também e principalmente por isso, maior é a obrigação, nomeadamente para quem não pretende, penso eu, vir a tornar-se num enorme ídolo com pés de barro, numa fraude, que os fãs tão depressa idolatram, como rapidamente abandonam, na senda de um novo mito que nasça das cinzas.
Até porque o álbum de ídolos mundiais está repleto de exemplos de triste fim!"
Manuel Damas in "O Primeiro de Janeiro", 2006